Paisagismo, reforma e decoração garantem funcionalidade das áreas comuns e valorização dos imóveis

Empreendimentos apostam na sofisticação das áreas comuns como forma de melhorar a sensação de bem-estar do morador e valorizar os imóveis.

Síndica Claudia Prado em condomínio novo que dispõe de 11 jardins verticais e sistema automatizado de irrigação

A sofisticação dá o tom do Edifício Vetrino, entregue neste ano na região do Brooklin Novo, na zona Sul de São Paulo, com 54 apartamentos de cerca de 160 m2. Além de contar com projeto diferenciado de jardins, 11 dos quais verticais, o condomínio está dotado de um sistema automático de irrigação que dispõe de uma minicentral meteorológica que monitora a quantidade e periodicidade de água a ser vaporizada ou gotejada sobre a vegetação, de acordo com a variação da temperatura e umidade. Também a adubação é realizada através do sistema. O empreendimento possui certificação de sustentabilidade pelo selo Aqua.

Já o mobiliário das áreas comuns mescla bancos em madeira e demais peças de alumínio com pintura eletrostática, fibra sintética e tela sling, como espreguiçadeiras, mesas e cadeiras. O salão de festas e halls seguem uma decoração contemporânea e sofisticada, a exemplo de painel em mármore importado que reveste toda uma lateral do hall social. A síndica profissional Claudia Prado, que responde pela gestão do residencial, diz que a tendência entre os prédios, nos últimos cinco anos, tem sido a de deixar os espaços comuns mais leves, dotados de “formas geométricas e cores neutras”, favorecendo a “praticidade na manutenção”. Dentro deste conceito, adornos e vasos são pouco utilizados, afirma.

“O fundamental na ambientação das áreas comuns é tornar o condomínio um lugar aprazível, ao mesmo tempo que se introduzam diferenciais que o valorizem, como os jardins verticais e o sistema de irrigação do Vetrino.” De acordo com a síndica, ao modernizar, inovar e renovar os ambientes, seja com o paisagismo, o acabamento e/ou a decoração, o gestor “melhora a relação do morador com o condomínio”. “Este começa a ver que está pagando por algo que vale a pena”, completa. Por isso, inclusive, não se pode negligenciar na manutenção desses espaços, arremata Claudia.

Mesmo os prédios mais antigos, implantados com poucas áreas de uso comum, apostam na remodelação desses ambientes. É o caso do Condomínio Salto Grande, edifício de 36 anos e 40 unidades do bairro da Pompeia, na zona Oeste de São Paulo. O síndico Marcos Antonio Masteguim acaba de entregar o salão de festas revitalizado, primeira etapa de um processo de retrofit gradativo, em curso desde o ano passado, conforme decisão tomada pelos condôminos. No salão, as intervenções resultaram em uma cozinha gourmet e novos equipamentos, mudança de luminárias e revestimentos, além da reforma dos banheiros. O projeto respeitou o desenho geométrico original que reveste uma das paredes. Conforme aponta o síndico, os condôminos foram chamados a participar das discussões do projeto e do andamento das obras, inclusive aprovando um novo regulamento interno para uso do salão de festas.

Agora, o condomínio deverá instalar uma área de churrasqueira ao lado da quadra e, no futuro, com projeto já apresentado, uma academia, além de remodelar o hall social. Segundo Marcos Antonio, o retrofit tornou-se indispensável para a valorização dos imóveis, especialmente nas regiões que têm recebido empreendimentos com conceito de serviços e lazer.

Síndico Marcos Antonio Masteguim no salão de festas: Primeira etapa de retrofit gradativo das áreas comuns

PAISAGISMO: “CARTÃO POSTAL” DO CONDOMÍNIO

A paisagista Tomiko Hatada de Brito está há mais de um ano repaginando parte dos jardins e floreiras do Condomínio Sunday Vila Romana, situado na zona Oeste de São Paulo. Entregue há cerca de três anos, o empreendimento precisou retomar os cuidados com os canteiros e floreiras, que ficaram abandonados nas gestões iniciais, segundo aponta o gerente predial Roberto Silva Andrade. Ele justifica a postura atual: “O jardim é o cartão postal do condomínio”.

No processo de recuperação, foi preciso trocar o substrato da vegetação (a terra vermelha deu lugar à terra preta adubada) e limpar “pontos sobrecarregados” pelo acúmulo de espécies, especialmente “forrações desnecessárias”, entre outras ações. No momento, há grande expectativa para que o jasmim amarelo plantado nas jardineiras e cobertura da portaria cresça e caia pela fachada da frente do condomínio, formando uma espécie de cortina verde.

A manutenção dos jardins é contínua no Sunday, afirmam a paisagista Tomiko e o gerente predial (Foto). A rega precisa ser no mínimo diária (que pode ser facilitada com irrigação automática, implantada no local pelo gerente); a limpeza (incluindo pragas) e mexida na terra, para facilitar a irrigação, devem ser constantes, assim como podas seletivas. E no inverno, período seco, a terra deve ser protegida por um novo substrato, orienta Tomiko.

VALORIZAÇÃO EQUIVALE A “CINCO VEZES CADA REAL INVESTIDO”

O administrador de condomínios Sergio Meira de Castro Neto, diretor da área junto ao Secovi-SP, afirma que poucos condomínios investem na revitalização das áreas comuns. Uma das causas dessa situação estaria na diferença de renda entre os condôminos, que varia muito, diz. Outra razão vem do fato de que estes preferem investir na reforma das unidades em detrimento das áreas comuns dos prédios. Mas, segundo Meira, também engenheiro civil e síndico de um prédio comercial onde promoveu retrofit total, a valorização dos imóveis pode chegar a “cinco vezes sobre cada real investido” no condomínio. “O apartamento reformado num prédio caído não irá valorizar, pois, na decisão de compra sobre um imóvel, o estado da edificação faz grande diferença”, alerta.

PROJETOS DEVEM INTEGRAR PAISAGISMO, DECORAÇÃO E ILUMINAÇÃO

A vocação de cada espaço no condomínio é decisiva para escolher os elementos que irão compor sua ambientação, observam as arquitetas Camila Rentes e Patrícia Contini (Foto / Camila à dir.). Por exemplo, como o hall social é lugar de passagem, ele não deve ser necessariamente confortável, mas pode ser “elegante e atraente”. De outro modo, o paisagismo serve não apenas à composição estética do condomínio, quanto à melhora da qualidade de vida dos moradores e pode ser aproveitado para integrá-los ao dia a dia do prédio. Essas e outras dicas estão disponíveis em artigo de autoria das arquitetas, publicado no site da revista.

Matéria publicada na edição – 227 de setembro/2017 da Revista Direcional Condomínios

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