Pet place, condomínios se rendem aos pets

Condomínios investem em áreas para os moradores de quatro patas, presentes nos mais diversos perfifi s familiares; medida que contribui com a segurança do condômino, traz valorização patrimonial.

Pet play no condomínio
Espaço para cães no condomínio

Pet play do Condomínio Passeio do Bosque possui área de dejetos na eclusa; brinquedos de madeira e espaço amplo para o cão gastar energia

O último censo do Instituto Pet Brasil, divulgado em 2022, registra que há no país 149,6 milhões de animais de estimação; cães representam 58,1 milhões deles, e gatos, 27,1 milhões. Seres de quatro patas cada vez mais habitam lares na condição de membros da família, esta, inclusive, inserida em novos modelos e padrões. As construtoras, atentas a todo esse movimento, investem em condomínios com espaços de convivência para cães (pet place, pet play, dog space) e de banho e tosa (pet care) como chamariz de venda. Tem até edifício com lavanderia coletiva que traz demarcada qual das lavadoras é exclusiva ao enxoval dos peludos.

Sérgio Meira de Castro, diretor de Condomínios do Secovi-SP, comenta que há condomínios novos que já nascem com tais atrativos, enquanto outros são entregues com áreas adaptáveis. “Hoje em dia, há uma lei que obriga as construtoras a deixarem um percentual mínimo de área permeável, então eu tenho visto prédios fazendo o espaço pet nesses locais”.

Sérgio, que é também síndico profissional, constata em seus condomínios crescente interesse por esses ambientes, e já viabilizou alguns. “A população pet aumentou; em um cálculo informal, acredito que esteja presente em metade dos apartamentos, então o condomínio que atender à demanda, terá valorização. Não fazemos retrofit para modernizar e suprir necessidades? Criar uma área pet não deixa de ser um retrofit”, compara. “Mas é preciso que haja um projeto adequado”, acrescenta.

O síndico profissional Dalmo de Siqueira Santos, gestor do Condomínio Passeio do Bosque, inaugurado no Butantã há seis anos, conta que desde as primeiras assembleias os moradores queriam uma área para seus cachorros. “Num primeiro momento, apenas escolhemos um local e o cercamos; depois ficou comprovada a necessidade de um espaço mais elaborado, e optamos por contratar um serviço especializado”, comenta. “Espaço para cães valoriza o patrimônio, desestressa os animaizinhos, aproxima moradores e diminui conflitos”, atesta.

Em condomínios resistentes para aprovar obra de pet play, vale argumentar que a medida reduz o entra-e-sai de moradores, uma vez que não precisam mais levar os animais à rua, reduzindo a vulnerabilidade dos acessos. “Em um prédio em Moema, constatamos que 75% do movimento na portaria acontecia em função de pessoas que levavam os animais para passear”, exemplifica Renato Moraes, veterinário e engenheiro civil, que presta consultoria e projeta espaços para animais de estimação, como fez no empreendimento do Butantã.

No condomínio de Moema, Renato conta que fez a implantação da área pet a partir do fato de uma moradora, de apenas 12 anos, ter sido assaltada na calçada e ficado sem o celular e o cãozinho da raça pug. Mesmo dentro das edificações, há de se considerar os riscos externos ao se executar um projeto. Condomínios em que a malha do gradil é um pouco mais espaçada, pedem fechamento com telas para que animais pequenos não sejam subtraídos. Bancos de jardim, nos quais tutores ficam mexendo no celular, têm que permanecer distantes dos gradis, para evitar que alguém, pelo lado de fora, roube os aparelhos.

Quanto a segurança de pets e tutores, Renato observa que as soluções para espaços de convivência devem englobar até mesmo o caminho para a área de lazer, em geral, pelas garagens. “Tem quem dirige na garagem falando ao celular, então para evitar acidentes, invisto em comunicação visual”, ensina. Em condomínios com várias torres, em que os acessos se cruzam pela garagem, pode-se criar uma faixa de pedestres pet friendly em vermelho, iluminada com sensor de presença.

Sobre o espaço pet efetivamente, o profissional desaconselha grama sintética, equipamentos de diversão infantil e água potável disponibilizada diretamente aos animais, sendo que esta deverá estar ao alcance dos humanos, que preencherão vasilhames individuais para seus respectivos bichos. Não pode faltar, jamais, uma eclusa no acesso, evitando assim que o pet escape na chegada de um coleguinha. Aliás, reservar um local de dejetos, com ducha similar à da piscina e sistema de drenagem na própria eclusa, é interessante segundo Renato. Isto porque o cão se aproveita do intervalo de abertura entre um portão e outro e nesse tempo já faz o seu xixi, o qual será diluído com água, contribuindo com a higiene do ambiente.

Orientando gestores e tutores

Veterinário Alexandre Rossi

Veterinário e zootecnista, Alexandre Rossi é especialista em comportamento animal – adestrou e criou a pet influencer Estopinha, falecida em setembro, que aparece à esquerda na foto, junto ao tutor e Barthô. O profissional também dá consultoria sobre construção ou readequação de pet place em condomínios. Veja suas dicas:

Parquinho: “O cachorro vai extravasar, ficará mais relaxado e tranquilo a curto prazo, e a médio e longo prazo, mais saudável psicologicamente, com menos problemas ligados à compulsão, como raspar a porta, chorar, latir ou se mutilar”.

Interação: “Se até os três meses de idade, o cão não for devidamente socializado, tem mais chances de desenvolver problemas futuros, como não querer brincar e brigar com os pares, ou até atacar uma criança que estiver correndo”.

Filhote: “Tem de ter cuidado com os cães que não estão completamente vacinados nem com antiparasitários em dia. Porém, precisam socializar, então sugiro que frequente o pet place no colo do tutor ou em carrinho. Mesmo estando entre cães vacinados, ele pode adquirir doenças transmitidas por outros bichos”.

Cio: “Temos muitas castrações, é raro ter uma cadela em período fértil. Importante lembrar que mesmo machos castrados se interessam pela fêmea no cio, podendo sair brigas”.

Assédio: “É mais comum machos não castrados querendo montar em castrados, que reagem com agressividade. Se o tutor notar que seu cão está incomodando os demais, deve passar a controlá-lo com uma guia longa para evitar problemas”.

Focinheira: “O tutor tem que saber que não é algo que ele põe e o cachorro sai usando e sim que precisa ser acostumado. O modelo tem de ser propício à atividade física, permitindo ventilar bem a região da boca para prevenir hipertermia”.

Calor: “Pensar nas sombras que você irá propiciar, com árvores ou cobertura de lona tem de ser uma das principais preocupações envolvendo área pet”.


Matéria publicada na edição 294 out/2023 da Revista Direcional Condomínios

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Autor

  • Diego

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