Aplicação de textura cresce como boa opção de acabamento
A síndica do Edifício São Camilo, localizado na Rua Cunha Gago, no bairro de Pinheiros, zona Oeste de São Paulo, passou por um grande aperto há pouco mais de dois anos. Uma placa com reboco e pastilhas, que vinham se soltando sem que os moradores concordassem em custear a solução do problema, caiu em cima de um carro estacionado na via pública. Foi quando a luz vermelha acendeu e Maria Neuza Motta, síndica e secretária executiva aposentada, conseguiu finalmente aprovar um rateio extra para as obras de recuperação e pintura de toda a fachada, algo que vinha batalhando infrutiferamente havia tempos.
“Decidimos que não queríamos mais continuar com as pastilhas, o prédio é antigo e elas sempre desprendiam, então optamos por remover aquelas que estavam soltas e aplicar textura para igualar a superfície, deixando-a uniforme”, diz. “O condomínio não tinha condições financeiras para arcar com a retirada total das pastilhas. E este procedimento (textura) tem uma vida útil bem grande, mas é sempre necessária a remoção de todas as partes soltas”, lembra o engenheiro civil responsável pelo projeto e obra, Cláudio Travassos de Aquino. Enquanto o restauro e a aplicação de textura sobre as pastilhas foi orçada em cerca de R$ 30,00 o m2, a remoção total e texturização sairia em torno de R$ 126,00 por m2. “A primeira solução foi ideal para o tipo de problema que tínhamos”, conta Maria Neuza, que escolheu um desenho em risca, sobre o qual foi aplicada coloração em tonalidade bege, dando vida nova ao edifício de oito andares e uma cobertura.
Já no Condomínio Ville Genevé, composto por uma única torre de 18 andares, a textura solucionou outro tipo de deterioração. Mesmo com apenas 14 anos de vida, o edifício construído na Vila Formosa, zona Leste da cidade, sofria com trincas generalizadas na fachada, que geraram muita infiltração, relata o síndico Daril Cortez. “O prédio tem mais movimentação do que deve e isso causou as trincas.”
Como não existem riscos estruturais, as obras se voltaram para a recuperação da superfície, instalando-se tela galvanizada e refazendo-se o reboco nos pontos mais críticos de trincas e infiltração, aplicando-se textura e posteriormente a tinta, em tonalidades cinza claro e creme. “Temos três anos de garantia, mas acredito que em apenas seis ou sete anos teremos que fazer uma nova pintura”, observa Daril.
Segundo o engenheiro Claudio Travassos, as soluções com textura representam hoje 20% dos trabalhos de sua empresa, e a tendência é que elas conquistem ainda mais mercado, pois quando o condomínio opta pela retificação da fachada com massa acrílica, tem que lançar mão de até quatro demãos, observa. A textura, por sua vez, permite em uma única demão “executar alguns desenhos, os quais farão com que os defeitos sejam menos notados”. “É um material que possibilita criar como fosse uma obra de arte. E a fachada ganha graciosidade também”, ressalta.
Para coordenador do Grupo de Trabalho de Tintas Imobiliárias do Sindicato da Indústria de Tintas e Vernizes do Estado de São Paulo (SITIVESP), Douver Gomes Martinho, além do efeito estético, a textura “oferece excelente resistência às intempéries, ocultando possíveis imperfeições na superfície, melhorando o desempenho para efeito de manutenção”. De composição diferenciada em relação à massa acrílica, o produto traz “minerais e cargas selecionadas” e “repele a água”. Douver recomenda aos condomínios que optarem pela solução o uso da textura branca, para aplicação posterior de tinta acrílica acetinada.
Manutenção e escolha das tintas
Afora os problemas estruturais que acabam deteriorando as fachadas, existem três outras causas de desgaste da pintura, conforme aponta o técnico do SITIVESP.
Em primeiro lugar está a degradação provocada pela ação do tempo e do ambiente, como chuva, sol e poluição, que com o passar do tempo “causam fissuras na argamassa e, posteriormente, na tinta”. “As fissuras permitem a penetração da água, o que colabora para a proliferação de microorganismos como fungos, bolores e mofos, causando manchas e a deterioração da tinta.”
Outra fonte de desgaste é “o uso de tinta de má qualidade”. “Por estar em contato, por mais tempo, com agentes agressivos, as tintas externas devem contar com características mais especificas. Por exemplo: se a tinta tiver baixa concentração de resina e altíssimo teor de cargas e pigmentos, o desgaste da película será mais rápido”, explica. Finalmente, é preciso aplicar várias demãos para que se tenha consistência da película formada pela tinta, pelo menos três, sugere Douver, caso contrário haverá “uma rápida degradação do produto”.
Segundo Douver, a resina ou o verniz acrílico são os materiais mais indicados, atingindo uma vida útil de até cinco anos se estiverem dentro do chamado segmento premium. “Os produtos da linha standard contam com durabilidade média de dois a três anos, mas esse aspecto pode variar de acordo com o acabamento e a tonalidade”, pondera. As cores intensas apresentam um desgaste maior, devido à maior absorção de raios solares do que em cores claras, por exemplo. Alguns cuidados com manutenção podem também interferir nesta vida útil, observa o técnico. É o caso da tinta acrílica fosca, que requer “uma limpeza com jato d’água e aplicação de verniz acrílico após dois anos da pintura inicial”. “Com isso, os resíduos são eliminados e a superfície ganha uma película extra (o verniz) de proteção, o que aumentará a durabilidade e beleza da tinta.” De forma geral, o representante do SITIVESP afirma que a lavagem periódica ajuda a manter a pintura por mais tempo, sugerindo o uso de solução de água sanitária diluída (na proporção um litro do produto por um litro de água), além da sua aplicação com vassoura de pêlo ou “em reservatório já acoplado na máquina de hidrojateamento”.
Entre os demais fatores que interferem sobre a vida útil estão os procedimentos adotados durante a execução dos serviços. “Se o reboco for novo, é indicado aguardar 30 dias para a cura completa do material. Em seguida, utilizar um selador acrílico e pintar com o acabamento desejado. Se a superfície já for velha, deve-se usar fundo preparador de parede, depois efetuar possíveis correções e, em seguida, repintar.”
Matéria publicada na Edição 146 de maio de 2010 da Revista Direcional Condomínios.
Matéria publicada na edição 146 mai/10 da Revista Direcional Condomínios
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