Neste artigo, o primeiro de uma série sobre áreas verdes produzida para Direcional Condomínios, eu convido o leitor a refletir sobre as espécies vegetais que estão plantadas nos canteiros e jardineiras de seu edifício. Normalmente, ficamos muito focados no efeito paisagístico imediato, mas devemos lembrar que plantar uma espécie vegetal é como criar um filho: logo as fraldas não servirão mais, e ele não caberá naquele pequeno bercinho. Analogamente, espécimes vegetais se desenvolvem, e mudinhas inofensivas e delicadas podem vir a surpreender com raízes volumosas, ramagem frondosa e, na busca pela sobrevivência, vão lutar por água, nutrientes e sol. Dessa maneira, são vários os aspectos que temos de considerar ao iniciarmos o paisagismo do local ou ao fazermos uma reformulação em nossos condomínios.
Normalmente os empreendimentos são entregues para encher os olhos dos condôminos e, com certeza, o verde é um atrativo para aqueles que moram ou trabalham em grandes centros urbanos. Porém, devemos entender que os jardins são estruturas dinâmicas. Dessa forma, haverá ciclos que deverão ser respeitados para que o efeito paisagismo, de fato, seja perene, e não cause dissabores às estruturas da edificação. Nosso lindo e saudável bebê terá de ter um crescimento guiado com muita técnica para chegar na fase adulta com a beleza que desejamos, e sem colocar em risco o condomínio e seus ocupantes.
Ilustração: Lígia Ramos
Quando falamos em técnica, alguns aspectos devem ser considerados, tais como:
- densidade de plantio – eventualmente teremos de remover um certo número de mudas, pois é preciso haver espaço para que os indivíduos mais adaptados se desenvolvam. É dar espaço para a seleção natural agir, sem querer brigar com ela. O excesso de mudas pode provocar o sufocamento de alguns indivíduos e a consequente morte. Ninguém quer, por exemplo, uma sequência de arbustos que contenha algumas plantas mirradas e murchas. O certo é avaliar o espaço entre mudas e eliminar excedentes.
- periodicidade de podas – temos de observar o equilíbrio das copas e a presença de forquilhas (bifurcações de galhos no formato da letra y) em troncos, pois isso pode acarretar queda de árvores e arbustos maiores, principalmente em locais onde não há muito espaço para raízes, como floreiras sobre lajes. A falta de ancoragem é um fator limitador para a colocação de árvores sobre lajes. Uma regra básica é pensar que para suportar a folhagem, deveremos ter debaixo da terra uma quantidade equivalente de raízes.
- escolha de raízes adequadas – por último, falando naquela parte das plantas que normalmente não vemos, não podemos esquecer que não se pode colocar qualquer tipo de planta sobre lajes e floreiras. Isso porque as raízes, cumprindo suas funções de fixar e absorver, irão lutar contra quaisquer obstáculos que encontrarem. Ao ancorarem, geralmente causam danos ao sistema de impermeabilização. Já na busca de água, elas seguem o caminho para onde a água corre, ou seja, o das tubulações. Claro que existem as mantas asfálticas mais resistentes, mas deve-se evitar de qualquer maneira as plantas com raízes pivotantes, que literalmente furam o sistema de impermeabilização. Além destas, deve-se evitar o uso de plantas com raízes tipo bucha, que formam raizame volumoso, como muitas espécies de palmeiras, entupindo tubulações e ralos.
Com esses três cuidados básicos, certamente você conseguirá fazer escolhas melhores para os jardins de seu condomínio.
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