É comum relacionarmos o inverno com um tempo de plantas feias e maltratadas. Na verdade, nosso senso de urgência e nosso crescente afastamento da natureza nas cidades talvez tenham feito com que deixemos de observar que não se trata de nada disso. É apenas um ciclo, que se repete. É algo bom e salutar e que nossas plantas agradecem quando ocorre. Afinal, as mudanças climáticas que hoje vivemos estão causando alterações significativas que acabam por mesclar estações do ano, outrora tão distintas e no fundo tão necessárias.
Mas qual o papel do inverno para as plantas?
Para a maioria é época de repouso. De baixa do metabolismo. De não crescimento. De limpeza de partes mortas e preparação para a germinação e floração na estação seguinte. Assim, podas preferencialmente devem ser feitas nesse período. Cobertura de terra em espécies forrageiras para proteção da queima pelo resfriamento abrupto também é indicada nos meses de inverno.
A paisagem muda e, em nossa região, há geralmente um longo período de estiagem. Esses dois fatores combinados, a baixa de temperatura e a seca, ativam reações fisiológicas em todas as plantas que são adequadas para esse tipo de clima. Por outro lado, estes mesmos fatores podem matar espécies que não se adaptam tão bem e que foram introduzidas em nosso jardim por força de uma determinada composição estética.
Dessa forma, além dos cuidados habituais, uma atenção a mais deve ser dada principalmente no que diz respeito à rega pois muitas plantinhas que estão enfeitando nossos jardins serão pegas de surpresa e podem não resistir ao período da falta de chuvas.
Realmente, em seu habitat natural, as plantas se adaptam às intempéries. Algumas plantas do cerrado chegam a sofrer com as queimadas, fenômeno natural da estação, e se recuperam. Mas fora de seu ambiente natural, sem as mesmas condições de solo, água e ar, o conjunto genético pode não produzir defesas suficientes para que a espécime sobreviva. Dessa forma, cabe a nós auxiliarmos.
Então, vamos caprichar nas regas. Vamos fazer cobertura de raízes e de alguns brotos de frutíferas, pulverizar contra pragas que se beneficiam da época seca e se espalham. Vamos tirar o máximo da paisagem seca, que desenha um novo cenário para o interior de nossos condomínios, ruas e alamedas de nossos bairros.
Infelizmente observamos que o poder público não consegue tratar tão bem de nossas plantas nos ambientes fora de nossos muros. Assim, vemos canteiros públicos secarem e pobres árvores definharem ano após ano no inverno. Creio que não custa pedir para nosso zelador esticar um pouquinho a mangueira e presentear a arvorezinha da calçada com uns goles de água nessa época. Seguramente a primavera recompensará nossos investimentos, nos trazendo copas mais frondosas e florações mais exuberantes.
