Por que contratar um arquiteto esportivo para o seu condomínio?

Projetos conciliam segurança, conforto, performancee economia

Quadras, piscinas, salas de fitness, pistas de caminhada, de skate, de bikes… Especialistas deixam ambiente mais adequado à prática esportiva e indicam soluções econômicas para a compra dos equipamentos e a manutenção.

A síndica de um condomínio residencial no Guarujá, Giovanna Ruggieri, ficou literalmente perdida quando começou a correr atrás de orçamentos para consertar as rachaduras da quadra poliesportiva do edifício. “Cada fornecedor dava uma solução diferente, as informações não batiam”, lembra. Até que alguém sugeriu um profissional especialista em arquitetura esportiva, dica que acabou funcionando bem. “A arquiteta esclareceu tudo e deu uma solução específica, propondo um tipo de revestimento que evitou quebras e resolveu um problema de escoamento de água. Além disso, o piso absorve impacto.” Segundo Giovanna, o custo do projeto arquitetônico foi compensado pelas “soluções mais baratas e adequadas que adotamos, não apenas em relação à quadra, mas também à troca de piso do playground e à revitalização da sala de fitness”.

“A arquitetura esportiva é uma área que engloba soluções de segurança, conforto e performance”, afirma a arquiteta especialista na área, Patrícia Tótaro. Autora do Manual de Escopo de Arquitetura de Infraestrutura Esportiva, lançado em conjunto pela Abriesp (Associação Brasileira da Indústria do Esporte) e o Secovi, Patrícia atua com exclusividade no segmento há 12 anos, em condomínios, academias e praças esportivas. “O profissional conhece bem os detalhes técnicos, como o tipo mais indicado de piso em quadras, sua localização, tamanho, desenho e drenagem, sistema de tratamento de piscinas cobertas e externas, tipos de bordas apropriadas, entre muitos outros”, observa.

É o caso, por exemplo, da redefinição do uso da quadra poliesportiva. “Às vezes é melhor ter meia quadra de basquete, com um único cesto, do que reproduzir uma inteira em dimensões inapropriadas, que não permitem jogo.” Há espaços, comenta Patrícia, em que o tamanho, excessivamente pequeno ou grande, dificulta o uso. Em salas de ginástica, é comum encontrar equipamentos inadequados para a demanda dos condomínios, o que resulta em custos elevados de manutenção. “O critério para a compra de uma esteira, por exemplo, não é o menor preço. Outras especificações devem ser levadas em conta”, recomenda. Além, é claro, da própria ambientação, que pode afastar o usuário se não estiver apropriada. “O espaço deve ser bem ventilado e oferecer alternativas de iluminação, uma mais forte pela manhã, aproveitando-se o próprio sol, e uma luz mais indireta à noite, para que se possa relaxar.” A posição dos equipamentos e o som da televisão (que deve chegar apenas ao usuário interessado) também interferem no conforto do esportista.

É uma questão de performance, observa Patrícia, explicando que o ambiente deve ser o mais adequado possível para que o esportista, independente se amador ou não, “dê o melhor de si”. A performance em uma piscina, por exemplo, está associada à temperatura da água e à ausência de marolas, condição importante para as crianças, e, em uma quadra, a um tipo de piso que permita aos pequenos chutar uma bola com segurança e eficiência.

Na verdade, observa Eduardo Sayeg, secretário-executivo da Abriesp, o trabalho do especialista assegura aos condôminos economia de tempo, trabalho e dinheiro, “porque indica o projeto e o equipamento mais apropriado em termos de demanda, de compatibilidade com a rede elétrica, entre outros”. O consultor em planejamento esportivo, Fernando Telles Ribeiro, lembra, por sua vez, que os especialistas levam em conta desde as necessidades e usos das pessoas, até questões estruturais, mecânica, elétrica, civil, de iluminação, acústica, tratamento paisagístico, finanças e administração.

Fernando Telles foi atleta olímpico em saltos ornamentais nos anos 50 e 60, venceu campeonatos sul-americanos representando o Brasil e continua na modalidade, categoria máster, disputando ainda hoje provas internacionais. Graduado em Educação Física e Engenharia Civil, é membro do Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

No condomínio de casas em que mora em Alphaville, Grande São Paulo, Fernando tem participado ativamente da reforma da área esportiva. “O campo de futebol não era utilizado, porque tinha piso de terra. Havia uma área para a prática de bocha, também sem uso. Antes de construir ou reformar uma área esportiva, é preciso conhecer as necessidades”, aponta Fernando. A colocação de grama sintética no campo do residencial foi suficiente para que o espaço começasse a ser procurado, acrescenta. Já a antiga área de bocha, que fica no subsolo de uma quadra de tênis, foi transformada em sala de fitness e de ginástica, uma alternativa que “caiu no gosto dos condôminos”, o que já resultou na compra de mais equipamentos para o local.

“Na época de implantação do residencial provavelmente não houve pesquisa para conhecer melhor as demandas dos moradores”, observa. O condomínio ainda possui uma pista de skate pouco utilizada e uma quadra poliesportiva “com péssima localização e com marcação para jogo de tênis, sem que tenha dimensões para isso”. Assim, ressalta o consultor, é fundamental haver um planejamento com o auxílio do especialista, o qual indicará a melhor relação custo versus benefício. “É preciso saber também que há um custo de manutenção em torno de 10 a 15% do valor total a ser investido”, destaca. O consultor ressalta, inclusive, que antes mesmo que se faça qualquer planejamento, é preciso estar atento à verba disponível, para que todo o trabalho seja feito dentro de parâmetros realistas.

No residencial em que mora, os trabalhos de revitalização prosseguem e o próximo passo será a implantação de um novo projeto, com a construção de uma piscina coberta e aquecida para a prática esportiva, piscina externa de recreação e nova quadra de tênis, com custos estimados em R$ 1 milhão. Isso não significa, entretanto, que as melhores soluções envolvam elevados investimentos. “Muitas vezes, o pouco uso resulta também de problemas de gestão do espaço”, observa. Ou mesmo de falta de manutenção e pequenos ajustes. “A instalação esportiva tem que ser bonita”, recomenda o consultor. Segundo ele, os equipamentos da nova sala de fitness, um dos maiores sucessos do condomínio hoje, custaram cerca de R$ 30 mil.


Matéria publicada na edição 136 jun/09 da Revista Direcional Condomínios

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