Diante da atual crise financeira do País, com taxa de desemprego de dois dígitos, a mais elevada desde que a série histórica da Pnad Contínua do IBGE começou a ser divulgada, muitos condomínios temem o aumento da inadimplência. Temem ainda fechar o ano no vermelho e encontram dificuldades para elaborar a previsão orçamentária do próximo exercício. Seria possível baixar o valor do rateio sem negligenciar as necessidades do condomínio? Como fechar essa difícil matemática?
Esta é uma operação que pressupõe dois movimentos: corte das despesas e geração de receita. No caso da segunda, vale a pena avaliar a possibilidade de contar com fontes extras, como a locação das coberturas para instalação de antenas de telefonia móvel ou de TV e o uso de espaços inutilizados em estacionamento, sempre sob as diretrizes da Convenção. Claro que, se houver necessidade, é importante propor ajustes e adaptações ao documento.
Quanto às despesas, é fundamental que se elabore uma planilha com todos os gastos, iniciando-se pelos mais vultosos, que geralmente são os da folha de pagamento, serviços terceirizados e manutenção de elevadores. Funcionários orgânicos podem ser uma boa alternativa, mas a opção fica mais complexa quando se observam as implicações da contratação direta (necessidade de treinamento, gerenciamento, elaboração de escalas, faltas, licenças médicas e processos trabalhistas). Uma solução interessante é manter como orgânicos apenas os postos estratégicos (gestor predial, zelador e auxiliar administrativo) e fazer contratos de cessão de mão de obra para os demais.
Outra forma de reduzir custo é avaliar os contratos de manutenção dos elevadores, lembrando que existe uma gama enorme de empresas que prestam esse serviço, as quais devem ser homologadas junto à Prefeitura. Para os prédios mais antigos, é importante que incluam peças. Também o consumo de água e gás pode ser reduzido, com impacto direto sobre as contas. Alguns condomínios podem investir na medição individualizada do consumo hídrico, assim como, caso dos que trabalham com caldeira central, na do gás. Outra possibilidade é recorrer à produção da energia fotovoltaica (solar) para alimentar a rede elétrica do condomínio, sistema que apresenta retorno médio de seis anos (dependendo do projeto e do espaço físico disponível). Toda energia gerada e não consumida volta para rede da concessionária pública e vira créditos para o condomínio utilizar em até 36 meses, podendo reduzir a conta em até 90%.
Por fim, no tocante à contratação de obras, algumas perguntas devem ser respondidas antes que se bata o martelo: Elas são realmente necessárias? Qual o seu benefício? Qual o custo? O condomínio dispõe de recursos? São obras úteis, necessárias ou voluptuárias (deleite que não aumenta o uso habitual)? Há necessidade de submetê-las à votação da assembleia?
O síndico tem um rito jurídico, financeiro, contábil e administrativo para seguir. Precisa ter conhecimento mínimo para gerir esses setores, além de ser criativo e inovador. Para atender às necessidades do condomínio, às regras e, ao mesmo tempo, reduzir gastos, é preciso que suas decisões se pautem sempre pela economia, sem negligenciar com a eficiência e a redução de risco. Medidas paliativas só trazem dor de cabeça. O ideal é que ele busque sempre o suporte de especialistas, inicialmente junto ao seu corpo diretivo, e, se necessário, crie comissões para assuntos relevantes. Quando um grupo pensa, a chance de tomar a melhor decisão sempre aumenta. (Leia ainda, do mesmo autor, o artigo “A importância das auditorias em condomínios”.
Matéria publicada na edição de dez/jan 2017 da Revista Direcional Condomínios
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