Presença das drogas nos condomínios: como orientar os pais sobre fases e sintomas de recaídas

A mobilização contra um problema sério que atinge as famílias, mas que também afeta uma coletividade como os condomínios, precisa estar orientada por parâmetros sólidos, de maneira a subsidiar positivamente os responsáveis, por exemplo, nas ações para trabalhar a dependência química. Em sequência aos artigos que temos publicados sobre a questão, falaremos a seguir sobre as fases e sintomas de recaída.

Quando em recuperação, as pessoas que acabam em recaída apresentam quatro pontos em comum:

  • # Completaram um programa de reabilitação da adicção;
  • # Reconheceram que são pessoas em recuperação e que não podem usar álcool ou drogas com segurança;
  • # Estavam conscientes que precisavam participar do AA (Alcoólicos Anônimos) ou NA (Narcóticos Anônimos) e talvez de aconselhamento profissional.
  • # Voltaram a usar, apesar de seu compromisso de permanecerem sóbrios.

As fases e sintomas da recaída são:

1ª Fase – disfunção interna
SINAL: Não consegue funcionar normalmente.
SINTOMAS/ DIFICULDADES EM:
1 – Pensar com clareza;
2 – Lidar com os pensamentos e emoções;
3 – Lembrar coisas;
4 – Lidar com o estresse;
5 – Dormir;
6 – De coordenação motora, com riscos de acidentes;
7 – Vergonha, culpa e desespero.

 

2ª Fase – retorno da negação
SINAL: Incapaz de reconhecer e conversar honestamente com os outros sobre o que está pensando e sentindo.
SINTOMAS:
8- Apreensão sobre seu bem-estar;
9 – Negação da preocupação.

 

3ª Fase – impedimento e comportamento defensivo:
SINAL: Não quer pensar sobre o que lhe causa dor e desconforto. Evita tudo o que leve a olhar para si mesmo.
SINTOMAS:
10 – ACREDITA QUE “nunca mais vai beber”;
11 – Preocupa-se com os outros em vez de si mesmo;
12 – Defensivo;
13 – Comportamento compulsivo;
14 – Comportamento impulsivo;
15 – Tendência à solidão.

 

4ª Fase – construindo a crise:
SINAL: aumentam os problemas causados pela negação, isolamento e negligência ao programa de recuperação.
SINTOMAS:
16 – Visão de túnel;
17 – Depressão secundária;
18 – Perda dos planos realistas de vida;
19 – Planos começam a fracassar.

 

5ª Fase – imobilização
SINAL: Incapaz de agir. Controlado pela vida em vez de controlar a vida.
SINTOMAS:
20 – Devaneios inúteis e ansiedade;
21 – Sentimento de que nada pode ser resolvido;
22 – Desejo imaturo de ser feliz.

 

6ª Fase – confusão e reação exagerada
SINAL: Perturbados, irritados.
SINTOMAS:
23 – Períodos de confusão;
24 – Irritação com os amigos;
25 – Irrita-se com facilidade;

 

7ª Fase: depressão
SINAL: Deprimido, sem condições de manter a rotina normal.
SINTOMAS:
26 – Hábitos irregulares de alimentação;
27 – Sem condições de agir;
28 – Hábitos irregulares de dormir;
29 – Perda progressiva da estrutura diária;
30 – Períodos de profunda depressão.

 

8ª Fase: perda de controle de comportamento
SINTOMAS:
31- Participação irregular no tratamento;
32 – Desenvolve uma atitude de “não me importo”;
33 – Rejeição total de ajuda;
34 – Insatisfação com a vida;
35 – Sentimentos de impotência e desespero.

 

9ª Fase: reconhecimento da perda do controle
SINAL: Quebra a negação.
SINTOMAS:
36 – Autopiedade;
37 – Pensamento de beber socialmente;
38 – Mentiras conscientes;
39 – Perda completa de autoconfiança.

 

10ª Fase: redução de opções
SINAL: Preso na dor e na incapacidade de lidar com a vida.
SINTOMAS:
40 – Ressentimentos sem razão;
41 – Para com todo o tratamento e frequência aos grupos de AA;
42 – Vencido pela solidão, frustração, raiva e tensão;
43 – Perda de controle do comportamento.

 

11ª Fase: volta ao uso ou colapso físico ou emocional
SINAL: Está desesperado que começa a acreditar que o uso controlado é possível.
SINTOMAS:
44 – Começa a usar “controladamente”;
45 – Vergonha e culpa: “Fiz algo errado. Sou uma pessoa defeituosa”;
46 – Perda de controle;
47 – Problemas com a vida e com a saúde.

 

É certo que, ao se deparar com todas as orientações que temos deixado aqui, o síndico se depare com uma grande dúvida: como apresentar isso aos pais? Como iniciar com eles uma abordagem sobre um problema tão delicado e devastador, inicialmente fazendo com que reconheçam a própria existência da situação?
Nos próximos artigos, iremos abordar esse tema e, na sequência, o que representa a “codependência emocional” e seu impacto sobre a dependência química e o sucesso ou insucesso dos tratamentos.

São Paulo, 4 de julho de 2014

Autor

  • Nelson Luiz Raspes

    Psicólogo com formação em Dependência Química pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). É especializado em Capacitação em Dependência Química pela Universidade de Santa Catarina. Atuou durante quinze anos junto ao Centro de Tratamento Bezerra de Menezes.

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