Sem dúvida, as cercas elétricas são o equipamento mais utilizado na proteção aos perímetros dos condomínios. Consideradas um meio confiável, seguro e econômico para aumentar a proteção do imóvel, normalmente são instaladas sobre muros ou grades que cercam o imóvel. Porém, há particularidades que devem ser levadas em conta no projeto e na instalação, como a proximidade dos fios nas áreas de piscina, quadras de esportes e outros espaços de lazer dos edifícios.
Segundo Sérgio Ribeiro, diretor secretário da Abese (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança), não há uma altura padrão a ser utilizada. “Ela varia de acordo com a legislação de cada município ou estado. Conforme a norma ABNT, esta altura deve ser de no mínimo 1,5 metros, caso não haja uma barreira de proteção entre a cerca e um transeunte”, explica. É obrigatória, também segundo a ABNT, a colocação de placas informando sobre a presença da cerca elétrica. Já o número de placas e a distância entre elas variam conforme as leis da localidade.
Porém, antes de instalar a cerca é preciso efetuar uma análise de risco, ou seja, identificar os pontos vulneráveis do imóvel e como protegê-los adequadamente. Esta análise irá determinar o local de instalação da central eletrificadora, o número de fios e a altura das hastes que compõem a cerca, a proximidade da cerca com a vegetação existente etc. “Um bom equipamento eletrificador irá fornecer, em seu manual, informações sobre como efetuar uma instalação segura e de qualidade. Efetuado este estudo prévio, o instalador deve elaborar o projeto e, ao apresentá-lo ao consumidor, fornecer todas as informações inerentes aos equipamentos ofertados”, resume Sérgio.
Conhecendo o sistema de cerca elétrica
Sérgio Ribeiro, diretor da Abese, explica as funções de cada item que compõe a cerca elétrica de choque pulsativo. Confira:
CENTRAL ELETRIFICADORA
É o equipamento que aplica o choque e monitora as condições da cerca. Deve-se sempre utilizar uma central eletrificadora de qualidade e dentro da norma ABNT NBR 60.335-2-76. Nunca instalar centrais eletrificadoras “milagrosas”, ou seja, aquelas que afirmam “não precisar de aterramento” ou com “terra eletrônico”, uma vez que a norma exige que o eletrificador seja aterrado e possua um conector específico para tanto.
Há diversos modelos de centrais eletrificadoras. As principais diferenças estão na tensão de saída (o choque), nos opcionais dos equipamentos e no cumprimento da ABNT, como: utilizar transformador de alta-tensão corretamente projetado; possuir gabinete em plástico que não propaga fogo; componentes com baixo índice de defeitos; entre outros parâmetros técnicos determinados na norma ABNT.
HASTES
Pela sua facilidade de montagem e eventuais dobras, Sérgio Ribeiro recomenda a utilização de barras chatas de alumínio de 1″ X 1/4″. “O uso de barras ou cantoneiras de ferro são também apreciáveis. O critério a ser adotado deve ter como objetivo uma movimentação mínima das hastes quando expostas a corrente de ar ou impactos mecânicos, em casos de instalações sobre grades e portões”, esclarece. Quanto à distância linear entre as hastes, é recomendável que não seja superior a três metros. Não devem ser utilizadas hastes de alumínio com espessura inferior a 1/4″, que além de acarretarem os problemas já citados, não permitem um tensionamento ideal dos fios da cerca.
ISOLADORES
Devido à alta tensão aplicada à fiação da cerca é necessária uma perfeita isolação entre esta e as hastes de sustentação. O especialista recomenda a utilização de isoladores de boa qualidade e com proteção contra raios ultravioleta. “Indico a utilização de isoladores que possuam isolação de 19000 volts a seco e 12000 volts sob chuva sem apresentar fugas de tensão”, orienta.
Conforme o diretor da Abese, a utilização de isoladores de porcelana ou plástico para instalações elétricas residenciais de baixa tensão acarreta frequentemente problemas de disparos do sistema na ocorrência de chuvas, não sendo, portanto, indicados para este tipo de instalação.
FIOS DA CERCA
A fiação a ser utilizada na construção da cerca deve ser obrigatoriamente do tipo “lisa”. O mais indicado é o fio de aço inox de 0,45 mm a 0,60 mm de diâmetro, pela facilidade de instalação e manutenção, e pela boa condutibilidade elétrica. A tensão mecânica a ser aplicada nos fios (esticamento) deve ser suficiente para não criar “barrigas” ao longo da cerca, bem como suportar algum “balanço” tolerável das hastes em função de ventos. “Deve-se evitar o tensionamento superior ao necessário, fato que poderá causar rompimentos constantes da fiação”, resume Sérgio.
CABOS DE ALTA-ISOLAÇÃO
Devem possuir isolação elétrica adequada para evitar fugas de tensão indesejadas: o ideal é isolação de no mínimo 25.000 volts. Sua função é fazer a conexão entre o eletrificador (central de choque) e a cerca externa. Um bom cabo de alta-isolação normalmente é fabricado com uma capa externa de PVC (de cerca de 1 mm) e com uma camada interna de isolante de polietileno (de aproximadamente 5 mm) a qual possui, no seu interior fios (geralmente estanhados) com secção de 0,25 mm2.
PLACA DE ADVERTÊNCIA
A placa de advertência é obrigatória, em conformidade com as normas internacionais de segurança, com a norma ABNT e com as leis estaduais e municipais existentes. As placas devem ser confeccionadas com fundo amarelo e impressões pretas, com o símbolo que representa o risco de choque elétrico ao tocar (mão com choque) e medir aproximadamente 300 x 200 x 0,5 mm.
SIRENE
Acionada pela central de choque quando a cerca externa é violada (tentativa de sabotagem), ou quando o sistema apresenta fuga de corrente. Normalmente são usadas sirenes eletrônicas de 120 decibéis. Segundo Sérgio Ribeiro, da Abese, é importante, porém, que a sirene seja instalada em local de difícil acesso e que não abafe o som: “De preferência devem ser instaladas duas sirenes em locais distintos e relativamente distantes, para que, no caso de sabotagem de uma, a outra possa soar o alarme.”
BATERIA 12 VOLTS
A bateria é responsável por manter o sistema funcionando quando a energia da rede local for interrompida. Normalmente, utiliza-se bateria do tipo Gel-Selada de 12 volts / 7 Ah, que é isenta de manutenção. Para um sistema de residência de poste médio, uma bateria precisa manter o sistema em operação até 48 horas após a falta da energia, desde que a sirene não seja acionada no período de falta de energia, fato que acarretaria maior consumo de energia da bateria e consequente diminuição de sua autonomia.
A configuração básica de uma instalação de cerca elétrica é exemplificada na figura abaixo:
Apesar de simples, todo cuidado é pouco com a aquisição e instalação de cercas elétricas. Conforme Sérgio, o primeiro passo é contratar uma empresa legalmente constituída, com capacitação técnica e atendimento pós-venda comprovados. “Depois, o consumidor deve checar se o equipamento eletrificador atende às exigências da norma ABNT. É importante frisar que não existe legislação federal sobre o assunto, mas vários estados e municípios brasileiros já criaram suas leis que regulamentam a instalação de cercas eletrificadas e mais de 90% delas exigem que o equipamento eletrificador obedeça às normas técnicas editadas pela ABNT”, aponta.
A atenção deve ser grande também na instalação das cercas. Conforme o diretor secretário da ABESE, o instalador deve seguir fielmente as orientações e determinações do manual de instalação do fabricante do eletrificador. Outros cuidados necessários são nunca utilizar o neutro da rede elétrica como terra do sistema; nunca instalar eletrificadores que afirmam não precisar de aterramento; efetuar previamente uma análise de risco do imóvel para levantamento de pontos vulneráveis; instalar a central de choque em local protegido e de acesso restrito, mas que, ao mesmo tempo, permita aos operadores do sistema ligá-la e desligá-la quando necessário; e ainda utilizar materiais de boa qualidade. “De nada adianta um bom eletrificador instalado com acessórios ruins”, constata Sérgio. Vale lembrar que erros de instalação ou falta de manutenção adequada nas cercas elétricas resultam em frequentes disparos falsos. O especialista afirma que vegetação encostada aos fios da cerca, fato que se agrava durante chuvas, é outra causa dos falsos alarmes.