Todo segmento profissional tem os seus dias considerados bons e os ruins. Há dias em que achamos que nascemos para isso, mas em outros pensamos: “O que estou fazendo aqui?”.
Em palestras que ministro para pessoas que querem entrar na sindicatura profissional, costumo dizer: “Para quem quer se enveredar por esse caminho, precisa gostar de gente, gostar de pessoas”. Você tem que estar preparado para aceitar ser contrariado, aceitar ser corrigido. Muitos pensam que o síndico, pela função que ocupa, é aquele que manda, os outros obedecem e ponto final!
Esse pensamento, ou melhor dizendo, essa atitude, só dá certo na ficção, em novelas filmes etc. Na vida real a situação é bem outra.
Vida real
Se o síndico desenhar uma linha de tempo, ele irá ver dias de vitória, de glórias e de muitas alegrias, que vai querer que nunca terminem. Mas ele terá também aqueles dias de muitas dúvidas, medo, pânico e até mesmo pavor, e pensará: “Eu nunca deveria ter saído da barriga da minha mãe”!
Você que pretende assumir um compromisso com uma comunidade, ou seja, assumir o cargo de síndico, seja ele morador ou profissional, esteja preparado para esse voo, que poderá ser tranquilo na maior parte do tempo, mas que terá momentos de turbulência.
Síndico, quando você estiver sendo sabatinado, questionado, se você não estiver com seu emocional dentro de um equilíbrio pleno, os seus conhecimentos técnicos e legais não servirão para nada. Porque o descontrole emocional vai te dominar e aí você entrará em uma condição de grande vulnerabilidade, com riscos de cair em armadilhas.
Nesse sentido, deixo aqui um depoimento bem particular.
Já ministrei algumas palestras por aí afora falando sempre de temas condominiais. Para o palestrante, o momento mais difícil é quando se abre a oportunidade para perguntas. De cinco delas, três são para testar o seu real conhecimento.
O abençoado inquiridor sabe a resposta, mas faz questão de perguntar e, quando você responde faltando um complemento mais técnico, o sujeito resolve dar um show de conhecimento, dizendo que “de acordo com o Código Civil, lei tal, parágrafo ‘y’ etc…..”; ou seja, ele faz isso para te testar. A satisfação do abençoado sobe à estratosfera e você, se não estiver com o seu emocional muito bem controlado, cai assustadoramente em uma depressão momentânea, a ponto de transparecê-la e causar um constrangimento no momento, mas não só, você pode demorar horas, dias ou até meses para se recompor.
Infelizmente, já tive a oportunidade de presenciar cenas como esta, com palestrantes renomados, conhecidos nas mídias, que chegaram a chorar e a ficar estáticos, entrando em “modo avião”.
E você, síndico, não está livre desse tipo de investidas em uma assembleia de condôminos, por isso, inicie a sua reunião sempre demonstrando simplicidade e deixando claro que está aprendendo com todos ali, juntos.
Voltando a falar da linha do tempo…
Você terá no seu dia a dia de sindicatura momentos bons, momentos muito bons e, porque não dizer, momentos de plena satisfação com alguns moradores.
Mas também terá momentos ruins, muitos ruins e, porque não dizer, momentos que parecem que você está dentro do caldeirão do ‘coisa ruim’.
Mas é nessa hora que você tem que tirar proveito, despir do seu ego e ir em busca do aprendizado. Eu nunca vi alguém dizer que aprendeu com os acertos. A gente aprende é com os erros. Aceitar aprender com os erros é o caminho para o sucesso.
Nesses momentos o síndico tem que se desfazer do seu ego, não ter vergonha de deixar aflorar a sua humildade e dizer:
“Você tem razão; vou rever meus conceitos; obrigado por me ajudar”.
Em resumo: Síndico, cuide bem da sua saúde, ao final de todo o seu dia desligue de tudo, das suas atribuições e curta a família, amigos, filhos e netos.
Fica aqui a minha dica. Pense duas vezes ao se candidatar à função de síndico, mas se você se candidatar e vencer a representatividade de uma dada comunidade, pense sempre três vezes antes de qualquer ato, mesmo aquele que te pareça correto.
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