A impermeabilização de reservatórios de água tem como função, além de manter a água dentro do tanque, garantir a potabilidade da água adequada para consumo.
Portanto, não pode haver contaminação de qualquer outra fonte como água do solo, fungos e bactérias ou do próprio impermeabilizante aplicado. Hoje, em São Paulo, os reservatórios dos novos edifícios devem ser construídos afastados do solo para evitar esse tipo de contato.
Todo reservatório de água com sistema de impermeabilização deve apresentar ensaios que comprovem que não alteram a potabilidade da água. A norma brasileira tem um método, através da NBR 12.170, que ensaia a água após o contato com o impermeabilizante. A água resultante deve atender, também, à Portaria 2914/11 do Ministério da Saúde.
Deterioração das estruturas
Por mais que pareça ser inofensiva, a água pode deteriorar as estruturas se penetrar no concreto. Essa deterioração é mais agressiva ainda com o cloro adicionado à água servida à população pelas companhias de saneamento. O elemento químico acelera a corrosão do aço estrutural do concreto armado do reservatório. É muito comum haver corrosão no teto dos reservatórios, onde há condensação da umidade com cloro. E, também, por conta da falta de impermeabilização. Isto ocorre quando o aplicador impermeabiliza chega somente até o nível em que a água tem contato com a parede de concreto, “esquecendo” de proteger o teto.
Sistemas de impermeabilização
A escolha adequada do sistema de impermeabilização é essencial para o bom desempenho do reservatório, sempre de acordo com a NBR 9575/2010 (Impermeabilização – Seleção e Projeto). Há vários tipos de sistemas de impermeabilização do concreto como os aditivos de cristalização integral, cimento polimérico, cristalização integral por pintura, membranas elastoméricas de acrílico e poliuretano, entre outros.
O projetista deve considerar que a aplicação do sistema é em área confinada, portanto, o material impermeabilizante não pode ter produtos voláteis como solventes e nem materiais comburentes. É preciso evitar sistemas que utilizem solda com maçarico em áreas confinadas. Muitos acidentes já ocorreram devido a esses fatores. Veja, nas imagens abaixo, exemplo de aplicação de argamassas e pinturas de cristalização integral em reservatório inferior de condomínio.
1 Reservatório com fissuras e concreto deteriorado
2 Reparos das falhas do concreto com argamassas de cristalização integral
3 Reparos em falhas nas juntas de concretagem
4 Aplicação do sistema de cristalização integral por pintura
Fotos Claudio Ourives
Aplicação
A preparação da superfície antes da aplicação dos impermeabilizantes também favorece a estanqueidade do reservatório. Falhas no concreto e ao redor das tubulações, fissuras e pontas de ferro devem ser tratadas para evitar danos na impermeabilização e falhas na estanqueidade do reservatório. Caso ocorram falhas na impermeabilização por estes fatores ou pela escolha inadequada ou aplicação deficiente, há sistemas de reparos que podem selar vazamentos pelo lado externo sem esvaziar o reservatório, como as argamassas de cristalização integral e injeção de resinas de poliuretano.
Cuidados na limpeza das “caixas d’água”
Todo condomínio faz limpeza das “caixas d’água” pelo menos uma vez ao ano. São contratadas empresas especializadas que utilizam produtos químicos para desinfecção. Muitos desses produtos são à base de cloro. Além disso, durante a limpeza, esfregam os piso e paredes do reservatório energicamente com vassouras de pelo duro. Depois, é feita uma lavagem em abundância para remoção dos materiais residuais da limpeza. Muitos sistemas de impermeabilização não resistem a esses produtos químicos e a essa abrasão, podendo se deteriorar mais rapidamente e permitir a passagem da água.
Vida útil dos sistemas construtivos
Desde junho de 2013, há uma norma de desempenho das edificações habitacionais, a NBR 15.575, que define a vida útil de projeto (VUP) dos sistemas construtivos. Todos os construtores, incorporadores e projetistas são responsáveis pela vida útil dos sistemas construtivos, inclusive pela estanqueidade à água em reservatórios.
Cabe a eles indicar como fazer a manutenção preventiva e o bom uso para que essa vida útil de projeto seja atingida. Na norma, são definidas áreas manuteníveis e não manuteníveis, ou seja, que tem acesso para manutenção ou não. Segundo essa norma, a estanqueidade pode ser obtida através de concretos impermeáveis ou de outras barreiras.
Veja a seguir exemplo de VUP do anexo C da NBR15.575-1, aplicada à impermeabilização:
Fonte: NBR15.575-1
A impermeabilização de reservatórios deve seguir o conhecimento adquirido ao longo dos anos pelos profissionais da construção, projetistas, grupos que fazem as normas técnicas e da segurança do trabalho. Há muita informação disponível para alcançar maior vida útil dos sistemas de impermeabilização e das estruturas dos reservatórios e, acima de tudo, manter a qualidade da água de consumo.
Matéria complementar da edição – 222 de abr/2017 da Revista Direcional Condomínios
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