Retrofit elétrico e o condomínio: Qual o período ideal para revisar as instalações?

As instalações elétricas de uma edificação envolvem vários componentes e sua vida útil está ligada à qualidade de cada um; à forma como foram dimensionados; e à maneira como são usados. Uma revisão periódica pode melhorar a eficiência energética e evitar acidentes.

Uma pergunta que se tem feito muito nos últimos anos é com relação à duração de uma instalação elétrica. Ou seja, qual seria “sua vida útil”, principalmente porque a massificação do uso de sistemas de energia fotovoltaico tem “pregado” que a duração dos sistemas é de 25 anos. Pois bem, não há documento algum que diga a durabilidade de uma instalação elétrica. Isso depende de inúmeros fatores.

As instalações elétricas de uma edificação envolvem vários componentes: Condutores, interruptores, tomadas, disjuntor, DR, DPS etc. Sua vida útil, por sua vez, está ligada à qualidade de cada um dos componentes; à forma como foram dimensionados; e à maneira como são usados. Por exemplo, se um circuito que visa a alimentar um chuveiro elétrico foi projetado prevendo um equipamento de potência 4400 Watts (muito comum nos anos 1990) e, com o tempo, acabou recebendo a instalação de um chuveiro de 5600 Watts, é provável que os componentes trabalharam em sobrecarga e, portanto, tiveram sua vida útil reduzida.

Outra situação acontece com relação ao interruptor, que tem no caminho de sua vida útil algumas milhões de manobras, ou seja, o liga e desliga, associadas à sua qualidade. Se o usuário fica acendendo e apagando a lâmpada pelo interruptor como se fosse uma brincadeira, certamente a vida útil dele diminuirá por atingir o número de manobras previstas antes. Mas, voltando ao assunto vida útil da instalação elétrica, estima-se que a mesma, corretamente dimensionada e utilizada dentro dos parâmetros que foram definidos, tem uma durabilidade de cerca de 30 anos.

Porém, é necessário que esta instalação elétrica sofra uma verificação periódica para que seja avaliado se há desgastes de componentes e se o que foi previsto para ser usado na instalação se encontra de acordo com a realidade de consumo para a qual foi projetada.

Por norma técnica (ABNT NBR 5410/2004 – Instalações elétricas em baixa tensão), a periodicidade é tanto menor quanto maior for a complexidade da instalação. Ou seja, se é uma instalação elétrica de ambientes especiais, como hospitais, sistemas de segurança etc., seus componentes devem ser inspecionados com frequência maior do que as instalações elétricas residenciais unifamiliares (casas).

Particularmente, acho ruim não definir os períodos médios, pois isso dá margem para que as pessoas esqueçam da necessidade de se fazer a revisão. Comparando com um carro, se o fabricante dissesse que o motorista tem que fazer uma revisão conforme o tipo de uso, e não definisse quilometragem e / ou o período de tempo de utilização, o consumidor provavelmente não faria a revisão de 10 em 10 mil quilômetros.

Porém, no caso da eletricidade, as normas optam por não definir uma frequência, então, vamos lá. No caso da instalação elétrica predial, há um consenso na comunidade técnica que a primeira revisão deve ser feita antes dos 10 anos de uso e, daí para frente, a cada 5 anos pelo menos. Para revisão, deve ser usado um profissional qualificado e atualizado e que aponte os possíveis problemas, indicando um cronograma de ações. Este cronograma deve trazer os mais urgentes e menos urgentes.

Já para as residências, a função do “dono” da instalação elétrica deve ser a de providenciar a adequação e garantir que ela esteja segura até a próxima revisão. Vale lembrar que esta adequação deve ser feita também por um profissional qualificado. Segurança é tudo. Avalie sua instalação elétrica.


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Autor

  • Edson Martinho

    Engenheiro Eletricista, é diretor-executivo da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade). Escreveu e publicou o livro "Distúrbios da Energia Elétrica" (Editora Érica, 2009).

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