Duas tragédias envolvendo aquecimento interno da água por meio do gás mobilizaram o noticiário em 2019. Em Santo André (Região Metropolitana de São Paulo), no mês de julho, um casal, o filho de 3 anos e a filha adolescente morreram asfixiados pelo monóxido de carbono que vazou do aquecedor a gás, aparelho que estava sem a chaminé de exaustão (item obrigatório). Cerca de dois meses antes, em maio, no Chile, seis turistas brasileiros também morreram por causa da inalação do monóxido de carbono (pai, mãe, filho e filha adolescentes e um casal de tios).
Eng. Renato Luiz Moreira: “Os síndicos devem orientar os moradores que não instalem varal próximo dos aquecedores”
O impacto dessas notícias chegou aos condomínios, quando alguns síndicos mobilizaram campanhas internas para que os moradores revisassem as instalações dos aquecedores de passagem nas áreas privativas. Segundo o engenheiro Renato Luiz Moreira, é preciso orientar os condôminos sobre as instalações de gás, pois:
– Há riscos principalmente quando eles confinam o ramal de gás ou, às vezes, o próprio medidor dentro de armários;
– Inutilizam a ventilação cruzada que a construtora projetou (pontos vazados nas paredes, embaixo e em cima na janela, que devem permanecer sempre abertos tanto para o gás natural quanto o GLP). Nas edificações mais antigas, não havia essa obrigatoriedade, desta forma, muitos condomínios têm modernizado as esquadrias das janelas e portas das áreas de serviço para dotar o espaço de ventilação cruzada, a qual repõe o oxigênio no ambiente]. E,
– Retirada dos dutos de exaustão (chaminé) dos aquecedores [esses dutos expelem o monóxido de carbono para o ambiente externo].
“O aquecedor de passagem é um equipamento de alta potência na queima do combustível porque usa muito gás, se não houver duto nem reposição de oxigênio no ambiente, o morador poderá passar mal ou vir a óbito se estiver tudo fechado ou em espaços menores. O aquecedor, sem o duto de exaustão, joga monóxido de carbono no ambiente, a pessoa morre lentamente, sem perceber”, explica o engenheiro. No entanto, ele ressalva que, seguidas as normas e feitas as manutenções adequadas, “esses equipamentos são extremamente seguros, pois só ligam quando existe consumo de água e, se o sensor não identificar a chama, ele desliga para o gás não vazar muito tempo”. “Existem aquecedores de baixíssima potência sem chaminé, mas eles precisam ser instalados em locais ventilados e têm incorporado um sensor de detecção de oxigênio no ambiente, com trava automática de desligamento.”
Para a manutenção desses equipamentos, Renato Moreira orienta que o morador promova uma revisão e limpeza anual. “Eles são mais seguros que o próprio fogão. O risco maior ocorre quando há queima do oxigênio em ambiente sem ventilação cruzada, como já mostramos. Outras duas possíveis patologias ocorrem quando: No aquecedor a pilha, que não possui dispositivo de exaustão forçada, o vento do ambiente externo entra pelo duto de ventilação se todas as janelas estiverem fechadas e gera uma inversão da chama; e no apartamento que possui varal de roupas encostado no aquecedor. O calor emitido por ele pode ser suficiente para que a roupa pegue fogo”, observa. O engenheiro destaca, assim, que os síndicos devem orientar os moradores que não instalem varal próximo dos aquecedores. “A chaminé do aquecedor pode chegar a 180ºC.”
Matéria publicada na edição – 258 – julho/2020 da Revista Direcional Condomínios
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