“É necessário assegurar um isolamento acústico satisfatório nas edificações, tanto para os elementos estruturais quanto para qualquer tipo de som produzido pelo homem, de forma que haja um limite de saída de sons para ambientes externos.”
O tema do “ruído hidrossanitário” é ainda pouco abordado no Brasil, que costuma dar ênfase aos ruídos oriundos de outras instalações, como o impacto de piso, a reverberação do som através das paredes de divisa das edificações etc. Mas inúmeras são as fontes dos ruídos em condomínios relacionadas às instalações hidráulicas, tais como os pontos destacados abaixo:
1) Ruído proveniente das prumadas de águas pluviais e esgoto sanitário, próximos aos dormitórios (áreas íntimas);
2) Ruído proveniente do acionamento das válvulas de descarga;
3) Ruído proveniente do escoamento de água das duchas/chuveiros;
4) Ruído proveniente do escoamento de água de banheiras e acionamento dos motores das hidras em horários após às 22 h;
5) Ruído proveniente de “golpe de aríete”, que ocorre nas edificações mais antigas. O “golpe de aríete é causado por alteração na velocidade da água ou pressão na tubulação” – essa causa de ruído costuma ocorrer em edificação que possui válvula hydra. Leia mais sobre o assunto em Obras & Serviços invisíveis nos condomínios: difíceis de ver e de convencer
6) Segundo o estudo “Prognóstico de Ruído de Instalações Prediais Hidráulicas Sanitárias”, publicadas junto à Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), em 1993, pelos pesquisadores José Geraldo Querido e Sylvio Reynaldo Bistafa, os ruídos são provenientes ainda: – do recalque para os reservatórios superiores; – de vibrações no sistema de recalque, e; – do escoamento de água nas conexões curvas e de cotovelos, entre outros.
Ainda de acordo com o mesmo estudo, deve-se levar em consideração que determinados fluxos de escoamento de água ocasionam turbulência, cavitação, “golpe de aríete”, além de vibrações de componentes devido às conexões. Esse tipo de ruído deve se restringir apenas ao ambiente em que ele se origina, não podendo ultrapassar paredes, lajes ou forros para unidades vizinhas ou até mesmo para outros ambientes da própria unidade. Tendo isso em vista, os tratamentos acústicos devem ser mais bem estudados. As soluções dadas devem ser eficazes, e não apenas paliativas; os materiais empregados devem ser apropriados para suas funções, até porque, segundo Querido & Bistafa (1993), nem sempre soluções mais caras garantem um melhor desempenho.
Em um trabalho que apresentarei em um Seminário de Acústica no Rio de Janeiro, em novembro de 2017, iremos abordar os ruídos ocasionados particularmente pelo acionamento das descargas de vasos sanitários, destacando-se as formas de tratamento existentes no mercado e as alternativas para se minimizar o incômodo ao usuário final. É necessário assegurar um isolamento acústico satisfatório nas edificações, tanto para os elementos estruturais quanto para qualquer tipo de som produzido pelo homem, como impactos gerados por seus objetos ou por seu convívio com outros indivíduos em sua unidade autônoma, de forma que haja um limite de saída de sons para ambientes externos. O bom desempenho acústico de uma edificação é um dos itens relevantes para se obter condições satisfatórias de conforto para seus ocupantes e, em casos extremos, evitar a ocorrência de efeitos nocivos à saúde do ser humano.
Pois, não obstante todas as tecnologias envolvidas atualmente para o maior conforto e segurança das instalações de casas, edifícios e apartamentos, os componentes hidrossanitários permanecem fonte de sons incômodos. Assim, a preocupação com o isolamento das tubulações hidráulicas e suas conexões vem se tornando primordial, até porque os tubos de quedas apresentam, hoje, grandes dimensões e transportam maiores vazões, fazendo com que seja necessário garantir que os sons não ultrapassem as paredes ou lajes de cada unidade, para assegurar tranquilidade, conforto acústico e privacidade aos moradores.
Matéria complementar da edição – 225 de julho/2017 da Revista Direcional Condomínios
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