Segurança nos condomínios: barreiras físicas e tecnológicas mitigando riscos

Investir em barreiras físicas e tecnológicas é importante na prevenção de sinistros, bem como cuidar da manutenção dos equipamentos e, ainda, rever hábitos na rotina do condomínio que possam dar chance a invasores.

Simone Alonso Kishiue e o leitor biométrico facial: agilidade

Síndica profissional e moradora de um condomínio de extensa área comum na zona oeste, Simone Alonso Kishiue fica atenta ao funcionamento dos equipamentos de segurança e de seus respectivos acessórios. “O principal não é ter todo um aparato tecnológico, mas trabalhar sempre com manutenção preventiva para que tudo isso funcione corretamente. Imagine a situação de um síndico se o prédio for invadido porque houve falha na proteção perimetral, provocada justamente pela falta de manutenção”, comenta.

O condomínio foi invadido 10 anos atrás e seis apartamentos foram roubados. “Vimos depois pelas imagens das câmeras que durante a madrugada dois homens haviam pulado o muro da quadra, nos fundos. Mas a qualidade das imagens, de câmeras analógicas, era tão ruim que nem deu para visualizar direito os rostos dos infratores”, relata. A partir desse episódio, o síndico da época contratou uma consultoria para analisar o local e propor medidas visando mitigar os riscos.

A edificação passou por uma transformação, com investimentos em barreiras físicas e tecnológicas. O processo envolveu, entre outros, compra de câmeras digitais, blindagem da guarita, implantações de clausuras e instalação de cerca elétrica em toda área que circunda o condomínio. Esta última, gerou ‘efeito colateral’. “Eram inúmeros os disparos acidentais com a cerca eletrificada, por um abacate que caia do pé, um bichinho que passava e, também, por falta de manutenção. A cada disparo, o coração da gente disparava junto”.

Desde que assumiu a gestão, em 2017, Simone vem promovendo modernização nos recursos de segurança, a começar pela cerca. “A tecnologia evolui muito rápido. Modernizamos a cerca elétrica, que agora tem três centrais de choque a mais. Já o disparo sonoro foi direcionado para a guarita. Só o porteiro escuta o sinal. Se ele constatar uma ameaça real, segue os protocolos; se for algum galho de vegetação, ele desliga o sinal e comunica ao zelador”, comenta.

A síndica também ampliou a quantidade de câmeras de monitoramento, ultrapassando o dobro do que havia, e ainda deixou a área externa do condomínio, onde existe uma pequena praça, melhor iluminada. “Instalamos refletores com sensor de presença no muro e, nos locais de acesso ao condomínio, refletores que acedem ao anoitecer. Isso fez diminuir o número de roubo de veículos que pernoitavam na rua”. Outra mudança, mais recente, foi a troca de leitor biométrico pelo controle de acesso facial. “O morador ganhou em segurança e agilidade, pois o reconhecimento é feito em menos de cinco segundos”.

Medidas adicionais

Simone conta que investe na comunicação como ferramenta de gestão e com isso os moradores a informam quando a portaria descumpre uma regra de segurança. Os porteiros, por sua vez, fazem o mesmo quanto aos condôminos. “Todos se sentem livres para reportar a mim ou ao zelador esses fatos, o que é muito positivo para tentarmos conter brechas na segurança”. Ela também orienta para que colaboradores não usem trajes que identifiquem o condomínio ao saírem à rua. “Pode ter alguém à espreita, com má intenção”.

Waldir Samora, instrutor da Polícia Militar de São Paulo e de cursos para síndicos, zeladores, gestores prediais e porteiros, diz ser importante confundir o meliante que esteja de olho na dinâmica do condomínio. “Se eu sou um ladrão interessado no edifício, tenho tempo para estudá-lo; primeiro vou fotografar, filmar, conhecer seu movimento e, só depois, com base na rotina dele, é que vou entrar”, comenta. “Em todo condomínio que presto consultoria, uma das primeiras coisas que eu faço é alterar a rotina da limpeza da calçada”, acrescenta o professor de entidades como AABIC e SECOVI.

O especialista sugere que a higienização seja executada em diferentes períodos e horários e de forma rápida. “Vejo funcionários usando a vassoura e mangueira com muita calma, mas é o contrário, o processo tem de ser ágil e supervisionado o tempo todo pelo zelador, pois a figura desse profissional, que porta um rádio de comunicação, ajuda a inibir a ação do bandido”.


Matéria publicada na edição 294 out/2023 da Revista Direcional Condomínios

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