É o cabo de aço do portão basculante que quebra, as roldanas do modelo de correr que não aguentam tanto abre e fecha, as fechaduras elétricas que vivem com defeito. Todo síndico sabe bem das exigências cotidianas com a manutenção dos portões, elementos fundamentais na segurança dos edifícios.
Segundo José Elias de Godoy, especialista de segurança em condomínios e autor do “Manual de Segurança em Condomínios” e “Técnicas de Segurança em Condomínios”, na maioria das ocorrências de roubos em condomínios os assaltantes entram pela porta da frente. Assim, ele aponta os portões de pedestres e de acesso às garagens como áreas críticas dos edifícios. “Devemos dar a esses equipamentos maior atenção”, orienta.
Roberto Pichini é síndico de um condomínio residencial em Vinhedo com 16 casas e define a manutenção dos portões como uma de suas maiores dificuldades.
O condomínio possui dois portões para acesso de veículos dos condôminos, um para visitantes e outro para pedestres. O sistema de eclusa permite que entre apenas um carro por vez. Uma reforma recente, orientada por uma assessoria especializada, colocou o portão de pedestres mais perto do prédio da administração. “Baseados no projeto de segurança contratado, fizemos adequações e modernizações nos portões originais. Mas só este ano já precisamos acionar duas vezes o seguro, pois tivemos motores danificados por raios. Também acompanhamos muito bem a empresa de manutenção, para que os serviços mantenham a qualidade”, considera o síndico.
Para o consultor de segurança em condomínios Eduardo Lauande, infelizmente ainda impera entre muitos síndicos a cultura da “colcha de retalhos”, com seguidas manutenções de equipamentos que já terminaram sua vida útil. “O síndico deve ser orientado a planejar a substituição de um motor que, por exemplo, passou por dezenas de manutenções nos últimos 20 anos.” Muitas vezes a própria estrutura do portão, especialmente de veículos, compromete seu bom funcionamento. Segundo Lauande, um bom serralheiro deve deixar um portão bem fixado e alinhado, e a parte mecânica deve prever um motor competente que suporte a carga necessária de trabalho. “Percebo que faltam no mercado técnicos especializados que calculem a potência necessária para o motor abrir um portão com determinado peso. Nessa equação deve entrar também a visitação estimada no condomínio. Em muitos casos, o síndico simplesmente compra o motor mais barato”, diz.
Lauande complementa que o portão é uma barreira móvel de segurança. “Ele, por si só, não traz segurança. Um portão pode ser mais leve desde que haja outros meios de proteção, como o porteiro visualizando pela câmera se há alguém tentando violar o equipamento, por exemplo.” Portanto, a decisão por um portão de ferro ou alumínio, ou até mesmo por elementos de vidro, uma tendência vista em muitos edifícios novos ou reformados, deve ir além do aspecto visual. “Acredito que quanto mais preservada a área interna do edifício, menos informações estratégicas o criminoso terá para agir”, pondera o especialista, completando que é possível aliar segurança a conforto e beleza.
Lauande explica que o objetivo da clausura (um portão só abre quando o outro fecha) é evitar o ingresso de pessoa não autorizada ao condomínio. “Ela é um meio para que o porteiro solicite à pessoa não autorizada que saia para se identificar. É uma segunda barreira de acesso numa eventual falha de procedimento.” Ele recomenda ainda a colocação de coberturas contra intempéries na entrada do prédio, evitando o incômodo da espera de idosos, familiares e amigos fora do edifício.
Matéria publicada na edição 151 out/10 da Revista Direcional Condomínios
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