Síndico com olhar mais humano e menos eletrônico consegue uma gestão eficiente de sua equipe

Em nosso dia a dia cheio de conexões nos apps, como o WhatsApp, nos caminhos do GPS e em nossa agenda cheia de post its, devemos parar e trazer de volta o olhar humano que talvez alguns tenham perdido ao longo dos tempos. É preciso voltar a olhar quem é nossa equipe de trabalho e como estão vivendo no dia a dia do edifício, regatar o olho no olho que perdemos para nossos funcionários.

Nos bastidores onde atuam muitas vezes, em locais que ninguém vê além deles próprios, pergunto: Qual a qualidade no ambiente de trabalho que você síndico está proporcionando aos seus colaboradores? Funcionários próprios ou terceirizados, ambos precisam de sua atenção. Dispor de um time motivado, equipado e colaborativo faz toda a diferença na sua administração e na saúde emocional da sua equipe.

Esses bastidores são de uso temporário, porém, diário, e passam a impressão de não precisar de muita atenção e cuidado. E com tantas outras prioridades a serem feitas no edifício, justamente aquelas que aparecem aos olhos dos moradores, acaba-se deixando para depois o olhar humano. Mas esta falta de atenção pode gerar ambientes insalubres aos colaboradores e um alto custo para o condomínio, por não ter parado e dado a devida atenção à equipe.

Essa atenção se traduz em disponibilizar cadeira ergonômica para os porteiros, ambientes ventilados, iluminados, limpos, protegidos, com água potável à disposição, sanitários em perfeitas condições de funcionamento e higiene, vestiário e local para repouso, uniformes em bom estado. Para a alimentação, é preciso um espaço onde caibam pelo menos uma mesa e 2 cadeiras para se fazer uma refeição decente. Nos vestiários, um bom chuveiro e um espaço privativo para troca de roupas, armários limpos que armazenem os pertences de seu colaborador no período de trabalho. Esses são alguns dos itens que precisam da constante atenção do síndico.

É fundamental que o síndico esteja também atento às regras previstas da legislação e mantenha em dia o PPRA e o PCMSO, que englobam as NR 5, NR 7 e NR 9, programas importantíssimos para a saúde e integridade dos funcionários e na prevenção de riscos ambientais. Além de estar proporcionando um ambiente adequado de trabalho, ao se dedicar às correções apontadas nas vistorias demonstram total zelo e prevenção. O não cumprimento dessas normas pelo síndico poderá gerar gastos, como multas ao condomínio.

Estar atento à quantidade correta no fornecimento dos EPI (Equipamentos de Proteção Individual) e acompanhar seu uso é também um ponto importante para proteger seu colaborador e o condomínio de cobranças e problemas futuros. Uma lista dos EPI fornecidos deve ser assinada por seu colaborador mensalmente ou semestralmente. Alguns síndicos acreditam estar economizando com a reutilização ou o não fornecimento de todos os acessórios, mas essa seria uma economia barata e desumana.

Prédios mais antigos, alguns nem tão velhos e também os novos muitas vezes não têm os espaços adequados para os funcionários no momento que chegam da rua, em seu intervalo de almoço ou café. Alguns prédios possuem espaços muito pequenos, mal cuidados, às vezes sem restauração, com umidade e até com seu acesso difícil, causando inclusive situações constrangedoras para o colaborador que chega a ter apenas uma cadeira para fazer tudo, sua refeição, apoiar sua roupa e também descansar.

No edifício que administro, consegui rapidamente uma aprovação com o conselho para a melhoria do refeitório e vestiário. Após uma análise e conversa com os colaboradores, observamos a necessidade de se fazer uma melhoria no local. Fizemos a instalação de uma pia para lavar a louça da refeição, troca de mesa e cadeiras, um sofá para descanso, um filtro de água para beber, além de um novo armário mais adequado às necessidades diárias, com cadeado para a troca de roupa e um novo espaço para um banho após um longo dia de trabalho.

Seu funcionário é um ser humano que também precisa ter um ambiente digno de trabalho. Temos visto muitos prédios chiques para os moradores e visitantes, mas com seus bastidores completamente largados. Uma mentalidade preventiva do síndico agregado a um olhar mais humano gera uma equipe motivada e colaborativa, além da conservação e valorização dos bens patrimoniais.


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Autor

  • Cristiane Bittencourt Reis

    Síndica profissional em São Paulo, tem formação na área pela Gabor RH. É graduada em Comunicação Social, com MBA em Recursos Humanos pela USP e educação continuada em Finanças, RH e Administração pela FGV. Tem 20 anos de experiência na área administrativa em empresa privada e é sócia da Ruffino & Alvim Empreendimentos e Administração de Imóveis. Possui ainda cursos de Gestão em Qualidade de Vida pela FEA-USP PROGEP, Administração de Conflitos e Qualidade Máxima no Atendimento ao Cliente, os dois últimos pelo Sebrae.

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