Síndico profissional & orgânico. O que esperar da sindicatura?

Minha história no segmento condominial começou há 27 anos, quando realizei uma pesquisa sobre os custos que compõem a quota condominial, atendendo às demandas de meus clientes, gestores de pequenas e médias empresas, que devido à inflação que chegava em média a 80% ao mês, não conseguiam ter uma previsão sobre o valor que seria cobrado da taxa de rateio em seus escritórios, o que lhes causava grande preocupação.

Os resultados da pesquisa foram publicados no caderno de imóveis do jornal Folha de São Paulo, e pela repercussão do assunto, observei como fazia falta ter um livro prático no mercado sobre gestão condominial. Até então as obras traziam apenas aspectos jurídicos. Para suprir essa lacuna, lancei em 1996 a primeira edição do meu livro “Revolucionando o Condomínio” (hoje na 15ª edição). E, em 1999, lancei o Curso de Administração de Condomínios, para atender à demanda de capacitação.

Os alunos eram, em sua maioria, síndicos moradores, senhores aposentados, que buscavam conhecimento para melhorar a gestão do condomínio, à frente da qual já estavam havia anos. Tínhamos poucas mulheres e poucos jovens. Hoje o panorama é completamente diferente. Percebo muitas mulheres e jovens abraçando essa área, desenvolvendo a atividade com muita propriedade e buscando cada vez mais capacitação e aperfeiçoamento. As mulheres, em especial, enfrentam ainda muito preconceito para serem respeitadas e valorizadas. Delas é exigido mais trabalho e qualidade que em relação aos homens.

Por ter exercido o cargo de síndica orgânica, em 1997, em um condomínio com 120 unidades, pude constatar que para fazer uma gestão com qualidade e eficiência, é necessário dedicar tempo, buscar conhecimento, ter uma administradora comprometida com a legislação e em contribuir para a execução do planejamento geral, além de uma equipe interna de colaboradores, motivados e integrados, para atender aos objetivos pré-determinados pelo síndico.

Devido à falta de tempo dos síndicos orgânicos para exercer a gestão nesses moldes, ao crescimento das exigências legais, à complexidade dos empreendimentos, como os condomínios-clubes, e ao aumento na demanda dos moradores por maior eficiência, a procura pelos síndicos profissionais cresceu muito. E as expectativas dos moradores quando elegem um síndico profissional são grandes. Acreditam que todos os problemas do condomínio serão resolvidos e que haverá valorização patrimonial. Para que essas esperanças não sejam frustradas, é muito importante que o profissional entregue serviço, mostre resultado. Que seja ético, íntegro, comprometido em cumprir com toda a legislação.

Atualmente, muitos síndicos orgânicos têm buscado capacitação para melhorar a gestão, dado que percebem que a atividade exige conhecimento. Querem ter independência da administradora na tomada de decisões, e ainda, ter essa alternativa de carreira, principalmente quando estão próximos da aposentadoria.

No futuro, a atividade de síndico profissional será cada vez mais valorizada, se os profissionais que praticam a sindicatura realmente entregarem trabalho, buscarem constantemente a capacitação, forem dedicados, comprometidos, éticos e íntegros. Saber crescer, sem prejudicar os serviços prestados. O retorno financeiro deve vir do reconhecimento do trabalho entregue.


Matéria publicada na edição – 274 – jan/2022 da Revista Direcional Condomínios

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Autor

  • Profª Rosely Schwartz

    Profissional com transmissão ao vivo pela FECAP e 100% online pelo site OCONDOMÍNIO. Autora do livro “Revolucionando o Condomínio” (16ª edição – Editora Benvirá), especialista em administração condominial, administradora, contabilista, palestrante e consultora. Além de membro do GEAC (Grupo de Excelência e Administração de Condomínios) do CRA-SP. Mais informações: rosely@ocondominio.com.br.

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