Síndico profissional ou orgânico, qual o perfil mais adequado para o condomínio?

Independentemente se orgânico ou profissional, o síndico precisa atuar junto com o conselho, ser transparente, seguir a Convenção e o Regimento Interno, buscar resultados para o todo, e comunicar as suas ações aos condôminos diariamente. Do contrário, sua omissão poderá trazer o caos ao condomínio.

Já é praxe que no dia da assembleia de eleição de síndico ninguém apareça na reunião, afinal, é visto como um abacaxi assumir tantas responsabilidades, além de poder haver tumultos e falta de consciência coletiva, o que costuma acontecer nessas reuniões. Para alguns a desculpa é: “Não tenho tempo, é mais uma coisa no dia a dia, não é possível assumir mais essa função” (…). Então, a opção de alguns condomínios é contratar um síndico profissional na esperança de trazer solução para a comunidade.

O trabalho de síndico profissional tem crescido a cada dia, muitos cursos são oferecidos no mercado, presencias ou online, alguns são excelentes, mas outros bem incompletos. Além disso, é importante este candidato ter um perfil diferenciado para lidar com conflitos que irão surgir. Há cursos que prometem emprego imediato, mas não é bem assim, muitas outras características são fundamentais para este candidato.

Com a quantidade de edifícios, ainda mais na cidade de São Paulo, é uma nova profissão que está atraindo muita gente, mas estar preparado é fundamental, pois os edifícios, podemos dizer, representam pequenas empresas a serem administradas.

A maneira que cada síndico irá administrar este imenso patrimônio, que envolve inúmeras famílias, tem que estar obrigatória e diretamente ligada ao todo e não a interesses pessoais.

Mas como seria esta dedicação que assusta tanta gente? Em alguns edifícios, os síndicos fazem apenas uma visita por semana; outros condomínios precisam de mais frequência, vai depender de muitos fatores para se tomar esta decisão, alinhada com o conselho e com a demanda do edifício, é claro. O que não dá para admitir, e o conselho precisa estar atento, é com as pastas de prestações de contas que atrasam muito, com síndicos turistas e desatentos. O conselho precisa estar acompanhando as demandas do síndico.

Infelizmente, tem alguns candidatos à vaga de síndico que querem o cargo apenas para serem isentos da taxa condominial ou os profissionais que querem garantir uma renda a mais e assumir muito mais edifícios do que cabem na agenda e na logística.

Com isso, seja ele orgânico ou profissional, o síndico acaba tendo pouco tempo de dedicação a uma função tão importante que envolve muitas pessoas, como moradores, funcionários e prestadores de serviços. Esta falha e falta de dedicação tem como resultado edifícios visualmente largados, com inúmeros conflitos entre os moradores e a equipe de trabalho, e, administrativamente, com taxas condominiais altíssimas, alguns ainda com dívidas junto à administradora e em suas obrigações. Vivi isso na pele num condomínio onde comprei um apartamento. Em poucos meses percebi a confusão financeira, o edifício estava em débito, a taxa condominial só subindo, junto com os conflitos.

Um síndico ausente, desalinhado com o conselho e somado a uma administradora omissa gera uma má gestão e o aumento da insatisfação generalizada, provocando, inclusive, mais atrito entre os condôminos e sua equipe de trabalho.

Quando me vi no meio do fogo cruzado, resolvi me candidatar e fazer parte do conselho, afinal, é meu patrimônio que estava sendo administrado por um incompetente ou folgado. A solução foi mostrar para as pessoas que aquele não era apenas meu patrimônio, mas de outras 59 famílias. A solução foi nos unirmos, entender o tamanho do buraco, para assim tomarmos decisões importantes. Respiramos fundo e começamos a agir, e uma das ações foi destituir o síndico e escolher outra administradora. Foi um trabalho de formiguinha para colocar a casa em ordem, melhorar a saúde emocional das famílias e profissionais que ali estavam diariamente.

É importante que o síndico respeite o conselho, ele deve ser transparente, seguir a Convenção e o Regimento Interno, fazer reuniões com o conselho e documentá-las no site. Querer trazer resultados para o todo, comunicar aos condôminos diariamente, semanalmente ou mensalmente com circulares, seja via aplicativos de mensagens instantâneas, pelo site ou protocoladas, mas informar sempre quais foram suas ações, o que está acontecendo no condomínio, entregando uma administração transparente; este é o perfil procurado, seja ele orgânico ou profissional.

Para isso tudo acontecer, ele tem que ter ainda muitas características importantes. Uma delas é estar disposto a entender a dinâmica e as expectativas dos condôminos. Conhecer o edifício que está assumindo, suas dores, seus conflitos, estar presente. Estar aberto para ouvir, saber lidar com pessoas difíceis, convidar os condôminos a participar e encontrar a solução e, o principal, ter inteligência emocional. Entender e ter uma equipe de trabalho focada, que também o escute e com o mesmo objetivo, que é o bem do todo. Tem que ser comunicativo e conciliador, além de conhecer legislações e uma maneira de administrar que tenha pleno conhecimento das despesas e receitas do condomínio.

Cada prédio tem sua particularidade, o síndico, sendo orgânico ou profissional, tem que se dedicar e escanear tudo o que está acontecendo diariamente, com a ajuda de planilhas, aplicativos, divisão de responsabilidades com ações baseadas em legislações e normas regulamentadoras, com o objetivo de trazer transparência e satisfação ao morador. Com isso tudo, o síndico consegue realizar uma administração de excelência.

Como observamos no início deste artigo, o contrário disso é a omissão, que poderá gerar caos no prédio, seja pela via do síndico orgânico ou profissional. Ambos são adequados, vai depender de seu comprometimento, o quão estão interessados em promover segurança, transparência e bem-estar, em entregar como resultado a Conservação e Valorização do Patrimônio que administram.


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Autor

  • Cristiane Bittencourt Reis

    Síndica profissional em São Paulo, tem formação na área pela Gabor RH. É graduada em Comunicação Social, com MBA em Recursos Humanos pela USP e educação continuada em Finanças, RH e Administração pela FGV. Tem 20 anos de experiência na área administrativa em empresa privada e é sócia da Ruffino & Alvim Empreendimentos e Administração de Imóveis. Possui ainda cursos de Gestão em Qualidade de Vida pela FEA-USP PROGEP, Administração de Conflitos e Qualidade Máxima no Atendimento ao Cliente, os dois últimos pelo Sebrae.

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