Síndicos devem reforçar ações para a estação do forte calor e das chuvas

O calor excessivo fora de época registrado na primeira quinzena de setembro de 2020 em São Paulo provocou aumento expressivo no número de reclamações pela infestação de pernilongos do gênero Culex nas regiões Sul e Oeste da Capital, atingindo especialmente bairros próximos às margens do Rio Pinheiros. Nas 2 primeiras semanas do mês, o canal 156 da Prefeitura recebeu 500 solicitações de serviços como nebulização.

Sérgio Bocalini

Sérgio Bocalini, biólogo e vice-Presidente Executivo da APRAG

De acordo com o vice-Presidente Executivo da APRAG (Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas), Sérgio Bocalini, biólogo especialista em entomologia urbana, o calor do inverno atípico também antecipou a revoada de siriris (aleluias), que são reprodutores dos cupins de solo e de madeira. Houve ainda aumento da infestação de baratas. E a falta de um programa regular de controle de pragas contribuiu para agravar o fenômeno, pontua.

No caso dos mosquitos Culex, que na fase de ovos e larva se desenvolvem em cursos d’água poluídos, ricos em material orgânico, e na adulta voam em busca de ambientes secos (instalações urbanas), faltou um trabalho biológico preventivo da parte do Poder Público, o qual poderia ter eliminado as larvas. Com a eclosão dos insetos na fase adulta, restou aplicar nebulizações, que possuem efeito paliativo e podem comprometer a fauna e flora (como as espécies polinizadoras), observa.

Neste contexto, os síndicos podem orientar os moradores a trancarem portas e janelas pouco antes do anoitecer para impedir a entrada dos pernilongos. Devem ainda promover a limpeza de áreas que concentrem material orgânico (como mato, excesso de folhagens e grama alta) e sirvam de abrigo para os Culex. Já para o controle de outro mosquito que também eclode com o calor, mas possui hábitos mais diurnos, o Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, é preciso eliminar tudo o que retenha água limpa parada. Segundo Bocalini, este é o momento de os condomínios redobrarem a atenção com o controle de pragas, que encontrarão no verão, com temperaturas altas e chuva, um ambiente propício à sua proliferação.

Protocolos

As empresas que atuam com controle de pragas devem dispor de licença de funcionamento expedida pela Vigilância Sanitária, ser vinculadas a um Conselho Regional de classe e representadas por um responsável técnico (Biólogo, Engenheiro Agrônomo ou Florestal, Médico Veterinário, Químico, Engenheiro Químico, Farmacêutico ou demais profissionais habilitados pelo conselho). E, em função da pandemia do novo Coronavírus, a APRAG desenvolveu um protocolo de biossegurança para os prestadores de serviços atuarem nos condomínios. São recomendados, por exemplo, o uso de máscaras, luvas, propés, vestimenta adequada, além da sanitização dos equipamentos, entre outros. O protocolo está disponível no site da Direcional Condomínios, acesse o conteúdo através do sumário eletrônico da revista de outubro (em www. direcionalcondominios.com.br).

Programação Anual

O síndico profissional Aldo Busuletti afirma que os serviços de controle de pragas e limpeza da caixa d’água são essenciais aos condomínios, por isso, devem ter uma programação anual. “A maioria dos síndicos espera vencer os prazos de controle e contrata ações pontuais. Mas todo início de janeiro fazemos o planejamento anual das manutenções, entram aí a limpeza dos reservatórios, desratização, dedetização e análise d’água.”

É feito um “contrato único para o ano, pago em 12 meses, com direito a pelo menos duas ações de cada serviço no período”. Porém, o síndico observa que acaba promovendo a dedetização e desratização 4 vezes no ano nas áreas comuns, pois “sempre conseguimos um plus ao contrato”. Já a limpeza das caixas d’água ocorre duas vezes, “com análise de potabilidade”, uma a cada seis meses, seguindo determinação do Comunicado 006/2013, do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo. Em 2020, os serviços tiveram reforço da vaporização (um plus oferecido pelo prestador de serviços) em função da pandemia do novo Coronavírus, a qual levou o síndico a determinar ainda a higienização extra diária nas áreas comuns, com aplicação de cloro, “diluído em 2 para um e misturado a detergente e álcool”, completa.

De acordo com Aldo Busuletti, quando inexiste um controle regular das pragas, os condomínios acabam desenvolvendo um cenário crítico de infestação de diferentes tipos de vetores, responsáveis pela transmissão de inúmeras doenças. “Temos visto prédios com muitos ninhos de barata, principalmente em caixa de passagem de esgoto; cupim de solo; e, dependendo da região, até escorpião (áreas com muitas construções, madeiramento)”. Ao assumir a gestão de um condomínio nessa situação, Aldo Busuletti diz que é feita uma vistoria prévia antes de fechar o contrato de manutenção, “porque cada inseto ou vetor demanda um tratamento diferenciado”.

Desentupimento

A rede de escoamento das águas pluviais e servidas das edificações, que vão da lavagem de pisos, descarte das máquinas de lavar roupas, pias, tanques e chuveiros às descargas dos banheiros, exige trabalho preventivo não apenas para evitar baratas e roedores, como entupimentos. O objetivo é impedir que haja acúmulo de gorduras e material orgânico, que gerem obstruções nas tubulações e caixas de passagem. Os síndicos vêm optando por realizar contratos regulares também para esses serviços, incluindo a cobertura a emergências, como entupimentos


Matéria publicada na edição – 261 – outubro/2020 da Revista Direcional Condomínios

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