Diante da ausência de políticas públicas mais efetivas, condomínios se articulam com o entorno ou a comunidade para assegurar melhorias em seu bairro, principalmente em segurança e na preservação de áreas verdes.
É cada vez mais frequente o agrupamento de moradores em associações, principalmente nos grandes centros urbanos. O objetivo é um só: reivindicar melhorias no bairro e até mesmo colocá-las em prática diante da ausência de ações mais efetivas dos órgãos públicos. Para reduzir o índice de criminalidade na Chácara Klabin, zona sul da capital paulista, um grupo de condôminos da região conseguiu, por exemplo, mobilizar 98 edifícios, aproximadamente 20 mil moradores, para instituírem uma comissão de segurança no local. A Chácara Klabin era palco constante de assaltos, sequestros relâmpagos e furtos de veículos em plena luz do dia. Com o dinheiro arrecadado, a comissão pôde substituir os equipamentos eletrônicos – câmeras de vigilância e sensores de muros – e melhorar a iluminação do bairro, dificultando e inibindo a atuação dos bandidos.
Outro bairro residencial que tem conseguido resultados graças ao empenho e dedicação de síndicos e moradores pelo bem comum é a Vila Indiana, situada nas proximidades da Cidade Universitária, no Butantã, zona Oeste da cidade. Até o final deste mês eles deverão criar a Associação da Vila Indiana, com a previsão de que tenham pelo menos 14 prédios entre os seus primeiros integrantes. Rosa Maria Sanches Teles, síndica do condomínio Indiana Residencial Garden, conta que mais de 600 apartamentos foram convidados a participar da Associação. “O assunto está em discussão nas assembleias de cada prédio. Ainda não sabemos quantos irão contribuir, mas queremos estender a proposta também ao comércio local”, explica. A iniciativa teve origem depois que inúmeros pedidos de manutenção da Praça Santo Epifânio – como poda de árvores, iluminação, calçadas etc. – foram feitos à Prefeitura de São Paulo sem sucesso. A falta de luminosidade e o crescimento desordenado da vegetação, além de dar a sensação de abandono, trouxeram insegurança aos moradores da Vila Indiana. Casos de furtos, tráfico e uso de drogas se tornaram constantes.
Segundo a Subprefeitura do Butantã, órgão responsável pela Vila Indiana, a região é uma das que mais possui áreas verdes na cidade. São 538 praças, sem contar parques e áreas verdes privadas. Por isso, para auxiliar na conservação destes espaços, a Prefeitura implantou os chamados Termos de Cooperação, uma parceria estabelecida entre o poder público e pessoas físicas ou jurídicas. Esta foi a alternativa encontrada pelos síndicos dos prédios da Vila Indiana para contornar o problema existente. “Depois de tentarmos por dez anos uma solução junto à Prefeitura, decidimos em 2008 dar entrada ao processo de adoção da praça”, conta Rosa Maria, que contou com o apoio de outros síndicos.
Os custos para a manutenção da Praça Santo Epifânio serão pagos pela Associação da Vila Indiana. “A contribuição será calculada com base na fração ideal de cada prédio, ou seja, na quantidade de metros quadrados existentes em cada um”, explica ela. Para adotar uma área verde municipal, o pedido deve ser formalizado na Subprefeitura por meio de uma carta de intenção, contendo a proposta de manutenção e/ou de realização das obras e/ou serviços, respectivos valores e a descrição das melhorias urbanas, paisagísticas e ambientais. O tempo máximo para adoção de uma área verde é de 36 meses.
Localizada também na Zona Oeste de São Paulo, a Associação dos Proprietários do Residencial Parque dos Príncipes (APRPP) é outro exemplo de mobilização comunitária envolvendo condôminos. Fundada em 1983, a APRPP além de cuidar da manutenção de áreas comuns e da segurança, se dedica também ao bem-estar e integração entre os moradores do Residencial. Nas dependências do condomínio são oferecidas aulas de yoga, caminhada ao ar livre, dança de salão e o Clube do Livro, um incentivo à leitura. Recentemente, a Associação assinou dez termos de cooperação com a Subprefeitura do Butantã para cuidar de cerca de 233 mil metros quadrados de áreas verdes localizadas no interior do residencial, mas pertencentes à municipalidade.
O acordo estabelece o plantio de árvores, grama e arbustos, extinção de pragas, retirada de entulhos, irrigação da vegetação e acompanhamento técnico por engenheiro agrônomo. O espaço destinado ao passeio público será nivelado e desobstruído. Serão colocadas lixeiras nas calçadas. Todas as iniciativas serão custeadas pela APRPP, que poderá pôr placas indicativas do termo de cooperação nos locais atendidos. A parceria visa, segundo Wilson Santoro, vice-presidente da Associação do Residencial Parque dos Príncipes, contribuir com o meio ambiente e para a qualidade de vida das pessoas.
Matéria publicada na edição 150 set/10 da Revista Direcional Condomínios
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