Tatuapé traz sofisticação para a zona leste e ganha cada vez mais condomínios de alto padrão.
Caçou-se tatu no Tatuapé há muito tempo, mas só os moradores mais antigos do tradicional bairro da zona leste de São Paulo relacionam o nome ao animal. Ao lembrar o passado, ruas singelas com casas térreas ainda resistem ao avanço dos condomínios. Mas esses chegam com velocidade impressionante: são empreendimentos como o Residencial Mont Serrat, da construtora Rossi, criado especialmente para o perfil da região: “Bairro em constante crescimento, acompanhando as tendências da cidade”, segundo a empresa.
O que atrai esse olhar interessado dos empreendedores é, segundo a Rossi, “a repaginação pela qual o bairro vem passando, com indústrias e casas antigas dando lugar aos condomínios”. Nos últimos três anos, foram lançados 42 condomínios, de acordo com a Empresa Brasileira de Estudo de Patrimônio (Embraesp). Empreendimentos cujo padrão tem aumentado, com apartamentos de quatro dormitórios.
Na ala mais nobre do bairro, o Jardim Anália Franco, há mais sofisticação, e o shopping de mesmo nome atrai novos negócios. É o caso do condomínio Magnifique, da construtora Even, com 27 apartamentos e uma cobertura. Suas unidades têm quatro suítes, área privativa de 392 m2 e cinco vagas na garagem. Na área de lazer, infra-estrutura completa e quadra de tênis. A Embraesp aponta uma valorização de 69% no preço do metro quadrado do Jardim Anália Franco, com unidades vendidas por até R$ 1 milhão.
Até 1930 o Tatuapé tinha apenas casas. Foi nas décadas de 80 e 90 que o bairro viveu o boom da transformação. Nessa época chegaram os shopping centers e hipermercados, para atender ao público dos novos prédios residenciais e comerciais que se multiplicavam, como também restaurantes e casas noturnas. A evolução permanente é a marca registrada do bairro, que tem 80 mil habitantes e enorme poder de modificar o seu destino. No final da década de 70, os prognósticos indicavam que o Tatuapé viria a ser o bairro mais poluído da capital, mas essa tendência se reverteu e o valor dos imóveis alcançou o de bairros como Moema, Morumbi e Jardins, com população de maior poder aquisitivo. No Tatuapé, o potencial de consumo per capita é de US$ 5 223 dólares por ano.
Cobiçado pelos moradores de seu entorno, o Tatuapé está numa zona com o maior território aproveitável da capital para a expansão imobiliária. A cidade caminha para a zona leste, e os investimentos públicos em transporte fazem do bairro um pólo de atração. Em dois anos a Linha Verde do Metrô deverá chegar lá, conectando-se com a Leste-Oeste e facilitando o acesso à Avenida Paulista. A região conhecida como Tatuapé Velho, do outro lado da Avenida Radial Leste, também vem ganhando destaque no mercado imobiliário. Uma parte que estava esquecida pelas construtoras, já que não era o lado mais nobre, tem ainda muitos galpões de antigas indústrias que darão espaço para os novos condomínios.
Em outras regiões do bairro também sobem edifícios de alto padrão, como a Chácara Santo Antônio, no limite com a Vila Carrão, que tem empreendimentos de até R$ 900 mil a unidade. Essa valorização é boa para os antigos moradores, com uma única desvantagem: o trânsito, segundo o síndico Cláudio Lopes. “A gente levava cinco minutos para ir a alguns lugares, e agora, levamos 15, por causa do trânsito”, diz. Há quatro anos ele administra um condomínio de 72 apartamentos de três dormitórios. O prédio foi construído há cerca de 20 anos e se mantém em ótimas condições. Lopes e a família são um exemplo da tendência dos moradores do Tatuapé permanecerem no bairro ao casar. Lopes e a esposa, que era do Tatuapé, chegaram a se mudar para um sobrado, na Vila Guilhermina, mas depois de dois anos voltaram ao apartamento. “Aqui tem tudo o que a gente precisa, há muito deixou de ser necessário ir a outros bairros”, conta Lopes.
Matéria publicada na edição 126 jul/08 da Revista Direcional Condomínios
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