Lockers, feira, mercadinhos, padaria, lava-rápido, pet shop. A implantação de serviços já é realidade nos condomínios, facilitando o trabalho de síndicos e funcionários e tornando mais prática a rotina dos condôminos
Condomínio na Vila Madalena dispõe de lavanderia e bicicletas compartilhadas e um apartamento compacto que o condômino aluga por aplicativo para hospedar amigos e parentes. Fotos Divulgação
Basta tomar o elevador, ou descer alguns lances de escada, e pronto! Um universo de serviços e facilidades está disponível para os moradores. E não, não se trata mais de futurologia: de lockers (os armários inteligentes) a mercados, feiras livres, lavanderias e outros serviços compartilhados, como bikes por exemplo, há um grande leque de opções ganhando espaço nas áreas comuns dos condomínios.
Para Sergio Meira de Castro Neto, síndico profissional e diretor de condomínios do Secovi-SP, tais facilidades fazem sucesso porque ajudam os condôminos a economizar tempo, um dos bens mais preciosos nos dias de hoje. Segurança é outro ganho considerável. “Vou preferir sair com o cachorro para passear na rua tarde da noite ou apoio a ideia de implantar um pet place numa área perdida do condomínio? Faço a compra de última hora no mercadinho da esquina ou prefiro encontrar o que preciso na própria loja interna?”, compara Sergio.
Além desses pontos positivos, há ainda os ganhos na rotina condominial. A gestão de entrega de encomendas pela portaria, por exemplo, costuma se transformar em problema para muitos síndicos. “Os lockers evitam devolução de mercadorias quando o zelador não está ou no caso de o porteiro não poder sair da portaria para recebê-las. Importante frisar que a tecnologia faz toda a diferença. No início, as lavanderias coletivas funcionavam com fichas, quem se lembra? A Inteligência Artificial promete ainda mais novidades. Já vi em um evento do Secovi-SP um robô que leva as encomendas aos apartamentos. O progresso não para e não podemos nos opor a ele”, pontua o síndico.
O céu é o limite quando se trata de serviços para condomínios. O síndico profissional Flávio Pierobon administra um condomínio com 204 estúdios na Vila Madalena com mercadinho, lavanderia e vários diferenciais, como as bicicletas compartilhadas. E que tal ter um apartamento no condomínio disponível para locação temporária, para amigos ou parentes que vêm de longe? O condômino responsável pelo visitante aluga a unidade por aplicativo, e paga uma diária de 150 reais. Flávio menciona ainda outra peculiaridade do condomínio. “Consta da convenção que teríamos um carro compartilhado, mas não houve a efetivação desse serviço pela construtora.” Sem o carro para aluguel, o condomínio dispôs a vaga para locação por diária. “Há muita procura e cada apartamento só pode reservar a vaga dez vezes por mês, assim garantimos uma boa rotatividade do serviço”, diz Flávio.
Para os síndicos que, como ele, administram prédios com esse tipo de estrutura, o gestor dá uma dica: “Para uma boa gestão financeira desses serviços é preciso contabilizar separadamente cada um deles. E também ter um olhar para a manutenção periódica dos ativos do condomínio.” No caso de Flávio, as bikes, as máquinas da lavanderia ou o ar-condicionado do apartamento para locação, por exemplo, fazem parte do programa de manutenção do condomínio.
SERVIÇOS PARA TODOS
No Isla Lago dos Patos, em Guarulhos, há praticidades como lockers, cervejeira e até uma boutique de carnes para prover churrasqueiras nas varandas. Foto Divulgação
Adir Meliani mudou em 2012 para o condomínio Isla Lago dos Patos, em Guarulhos, com quatro torres e 320 unidades. Foi conselheiro, subsíndico e em 2021 foi eleito síndico. “Nosso condomínio tinha uma situação financeira estável, manutenção em dia, mas eu procurei ser disruptivo e busquei ao máximo melhorar a vida de todos os moradores”, diz. Um mercadinho no antigo apartamento do zelador, além dos produtos usuais, oferece marmitas fit e pratos congelados de um conhecido restaurante de Guarulhos. “Como todos os nossos apartamentos têm churrasqueira na varanda, senti falta de oferecer carne aos moradores.” Adir então buscou uma boutique de carnes congeladas, que ocupa a antiga cozinha do zelador e se tornou um sucesso entre os moradores.
Outra iniciativa criativa é a cervejeira com dois bicos de chopp, instalada próximo à entrada do condomínio. O usuário libera o uso pelo aplicativo e paga por mililitros consumidos. “Brinco que os moradores fazem academia e compensam com um chopp depois.”
O mercadinho remunera o condomínio com um percentual do faturamento bruto além de pagar um valor fixo por geladeira. Adir relata outro ganho com a implantação do mercado: o prestador de serviço pagou uma luva para entrar no condomínio e, com esse valor, foi possível adquirir uma máquina de gelo que fabrica cinco quilos de gelo por hora. “Sempre temos um freezer abastecido com sacos de gelo, que são gratuitos para os moradores.” Para os mais críticos, que podem questionar o custo da água e da energia para produzir o gelo, o síndico responde que tudo é suprido pela receita do mercado. A casa de carnes também gera receita, pagando um valor mínimo para o condomínio e, caso ultrapasse um determinado faturamento, destina uma porcentagem extra.
Já a adesão aos lockers melhorou muito a dinâmica do condomínio, que recebe cerca de 120 encomendas por dia. Detalhe: nem todas são retiradas logo pelos moradores. Adir acabou com o problema instalando os armários inteligentes. Um funcionário recebe a mercadoria e coloca no locker. O condômino é avisado pelo aplicativo e WhatsApp que sua compra chegou e abre o armário via QR Code. “Temos 102 armários. A comodidade que eles oferecem é surreal!”, comemora Adir.
Agradecimentos aos síndicos Flávio Pierobon, Adir Meliani e Sergio Meira
Fotos Divulgação
e foto Almir Almeida
Matéria publicada na edição 307 jan/25 da Revista Direcional Condomínios
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Jornalista com larga experiência em reportagens e edição de revistas segmentadas. Editora do site e Instagram O melhor lugar do mundo, voltado à decoração, arquitetura e design. Editora da Panamby Magazine, publicação dirigida aos moradores do bairro do Panamby, região do Morumbi, em São Paulo. Desde 2005 também atua na área da educação, com publicações especializadas e cursos para formação de professores.