Os idosos podem e devem aproveitar a segurança e a infra-estrutura dos condomínios para ter uma vida mais ativa e feliz.
OS CONDOMÍNIOS oferecem conforto e facilidades que beneficiam diretamente os idosos, como a possibilidade de contato social com outros moradores e auxílio para serviços de reparos nos apartamentos. “Além disso, as áreas de lazer permitem que eles recebam seus familiares, de modo que os netos também sintam-se felizes, por terem um local adequado para eles”, observa a geriatra Lara Miguel Quirino de Araújo, coordenadora do Ambulatório de Geriatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo a médica, é muito importante que o condomínio ofereça as condições necessárias para evitar que os idosos caiam. Quando ocorrem quedas, a chance de quebrar um osso é muito grande, principalmente do quadril, quando eles têm mais de 70 anos. A geriatra revela que 32% desses idosos passam a ter algum nível de incapacidade ou dependência e cerca de 20% morrem em um ano, em decorrência das complicações da fratura.
Por isso, é preciso que todos colaborem na prevenção de quedas. “O médico deve ajustar as medicações de modo que o idoso não tome remédios que aumentem o risco de cair. Ele, por sua vez, precisa ter um comportamento seguro, usando sapato antiderrapante, tendo cuidado com tapetes e não se expondo a situações de risco, como subir em um banquinho. Já a comunidade, e isso inclui os condomínios, deve cuidar da iluminação, dos revestimentos antiderrapantes, evitar contrastes entre piso e parede e móveis, além de deixar o local de circulação completamente livre”, diz a médica.
Ela lembra que o idoso não tem equilíbrio. Um simples esbarrão pode resultar em uma queda que, além de fraturas, pode provocar hematomas na cabeça devido à fragilidade capilar. “O próprio medo de cair, devido à falta de segurança nos locais, pode tornar o idoso mais retraído”, adverte a geriatra da Unifesp.
É preciso entender que o idoso tem uma dificuldade maior de visão, principalmente ao passar rapidamente de um local escuro para um claro e vice-versa. “Ele pode se desorientar e até cair”, diz Lara. A iluminação ideal deve acender e apagar de forma suave, dando tempo para o idoso fechar, abrir a porta ou pegar o elevador em segurança.
Devido à dificuldade que eles têm de distinguir os contrastes, as beiradas dos degraus precisam estar bem demarcados, sobretudo em locais com pisos de mosaico, que podem confundi-los. Corrimão nas escadas e piso antiderrapante também são necessários.
A geriatra complementa que a solidão é um dos maiores problemas na terceira idade, podendo desenvolver um quadro de depressão, ligada a várias complicações, como doenças cardíacas, maior risco de infecção e até necessidade de hospitalização. “Nossa sociedade tem um modelo social que dificulta a vida dos idosos, mas sabemos também que as atitudes vencem dificuldades”, sustenta a médica.
“É cientificamente comprovado que os exercícios combatem a depressão, ajudando no bem-estar da pessoa como um todo”, ensina Lara. A atividade física ajuda na prevenção de doenças cardiovasculares, no controle do metabolismo e no funcionamento dos órgãos. Também controla o diabetes e a pressão arterial, além de reduzir a dor nos casos de artrose.
Ela recomenda caminhadas, exercícios que trabalhem o equilíbrio e a flexibilidade (Tai Chi e alongamento), e musculação, com a supervisão obrigatória de um professor de educação física e controle médico para não desencadear outros problemas. Tomar sol antes das 10h e após as 16h por, no máximo 30 minutos, faz bem para a saúde, fortalece os ossos e beneficia os músculos. “Quem tem uma atitude positiva perante a vida e se dá ao direito de se relacionar e ter amigos é mais feliz, tem menos doenças e é mais saudável”, garante a coordenadora da Geriatria da Unifesp.
Matéria publicada na edição 126 jul/08 da Revista Direcional Condomínios
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