CONFIRA O QUE FAZER EM CADA REVESTIMENTO
Limpeza e Manutenção de pisos internos e externos das áreas comuns fazem parte da rotina dos edifícios, mas há situações em que mesmo que se realizem esses procedimentos com frequência, a sensação do condômino é a de que o revestimento está mal cuidado. O zelador Zacarias da Silva Moreira, do Condomínio Edifício Visconde de Monte Negro, localizado na Vila Leopoldina, zona Oeste de São Paulo, está constantemente às voltas com a limpeza da pedra Miracema das calçadas, no entanto, as manchas persistem e dão um aspecto envelhecido ao piso. Além disso, conforme o tipo de produto que aplica, as pedras ficam esbranquiçadas. “Qual o tratamento mais indicado para essa pedra?”, questiona Zacarias, que emenda outras dúvidas, perguntando ainda sobre o granito do hall social e o granilite da área de serviços e escadas.
Esses são questionamentos comuns aos funcionários de manutenção dos condomínios, pois cada tipo de piso e uso demanda um cuidado diferenciado. E, muitas vezes, procedimentos equivocados podem comprometer a integridade ou vida útil de um revestimento, como utilizar máquinas de lavagem de alta pressão em pisos internos ou ceras e impermeabilizantes em pisos cerâmicos ou pedras, conforme observa o arquiteto Celso Farkuh. No caso das dúvidas apresentadas pelo zelador do Visconde de Monte Negro, Celso comenta que em relação à pedra Miracema, as manchas esbranquiçadas podem ter surgido da aplicação de resina ou pela evaporação de água, em que “aflora um produto do cimento” (“calcinatação”), processo típico de “pisos onde existe impermeabilização de laje”.
Outras manchas surgem dos respingos de óleo dos veículos, observa, “e sua remoção é bem trabalhosa”, mas o uso combinado de produtos desengraxantes com a lavagem com máquinas de alta pressão (a uma distância mínima de 50 cm) pode diminuí-las com o tempo. Segundo o síndico do Edifício Neo Ipiranga Concepto e empresário do segmento de pisos, Márcio Garcia, a remoção total de manchas provocadas pela absorção de óleo e gordura é muito difícil nas pedras. “A Goiás e Miracema somente podem ser limpas com produtos mais agressivos e derivados de ácidos. Nestes casos, o segredo é enxaguar bem e aplicar um produto para neutralizar o ácido, pois mesmo enxaguando-o, este penetra na pedra e fica por vários dias agindo e ‘esbranquiçando’ a superfície”, explica Márcio.
Outras pedras permitem polimento, como a Mineira, completa o empresário. Também o granilite, alvo de preocupação do zelador Zacarias, pode ser polido. Aliás, o polimento talvez seja a única solução para o seu condomínio, já que o granilite encontra-se bastante poroso, problema que pode ter sido gerado pelo uso de limpa pedra ou de outros produtos corrosivos ao cimento, observa o arquiteto Celso Farkuh. Celso comenta ainda sobre o problema descrito pelo zelador em relação ao granito opaco do hall social. O desgaste está certamente relacionado ao tempo de uso, o que pede um “restauro com polimento especializado, com o uso de rebolos diamantados, que retornam o brilho natural da pedra”. O arquiteto alerta ainda que as ceras não devem ser aplicadas em granito ou mármore, pois são absorvidas e geram manchas, as quais poderão ser removidas somente após o polimento.
Vizinho de Zacarias, o zelador José Fernandes, do Edifício Maggiore, enfrenta problemas com manchas no granito apicoado. A indicação, neste caso, é chamar uma empresa especializada, para avaliar o grau de contaminação e propor a solução mais apropriada, recomenda Celso. Para Márcio Garcia, este tipo de revestimento é muito utilizado em áreas abertas pela sua função antiderrapante, o que justamente traz uma dificuldade a mais para a manutenção. “A propriedade antiderrapante não anda junto com a limpeza, uma vez que a sua superfície é rústica e segura a sujeira.” O ideal seria então promover “uma limpeza técnica e impermeabilização com hidro-óleo, processo que deve ocorrer a cada quatro ou seis meses”, orienta Márcio.
Soluções diferenciadas
Da limpeza à restauração, a solução para o revestimento dependerá de seu estado, adotando-se procedimentos adequados conforme cada tipo de piso (cerâmicos, pedras, vinílicos, epóxi, concreto, base cimentícia etc.). Todos estes, se estiverem em áreas cobertas, não poderão ser lavados com máquinas de alta pressão nem limpos com produtos químicos, alerta o arquiteto Celso Farkuh. O uso de detergentes, panos úmidos com desinfetantes e de vassouras de pêlos está, por sua vez, liberado para todos. Já a combinação entre cera e enceradeira fica restrita aos cimentícios. Nas pedras, pode-se utilizar enceradeira, enquanto vinílicos e epóxi permitem cera (sem enceradeira).
Na limpeza da superfície externa, as máquinas de lavagem em alta pressão e as enceradeiras são indicadas, desde que se tomem alguns cuidados (uma distância inferior a 50 cm do bico do jato de água danifica o piso). Mas o uso de limpa pedra (ácido muriático diluído) deve ser vetado, recomenda Celso, já que o produto corrói o cimento do rejunte e, com o decorrer do tempo, pode até remover as pedras da superfície. Para o ciclo completo do tratamento desses pisos, o empresário Márcio Garcia preparou um quadro para os leitores da Direcional Condomínios, publicado abaixo.
Matéria publicada na edição 148 jul/10 da Revista Direcional Condomínios
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