Como proceder quando da identificação de umidade em seu condomínio?
Um dos problemas mais incidentes em edificações habitacionais e comerciais é a umidade. Isso se deve ao fato dela ser proveniente de diversas causas e, também, por ser necessário ter um sistema com desempenho 100% conforme – se este for 99%, a água encontrará caminho no 1% irregular.
Uma ideia equivocada permeia a mente dos leigos e de alguns profissionais da área, de que se evita umidade nas edificações apenas com sistemas de impermeabilização. É uma ideia limitada, que pode trazer graves consequências na hora de reparar algum problema de umidade, tais como retrabalho, gastos desnecessários, demolições indébitas etc.
Analisando a Tabela 1 abaixo, podemos identificar quais são as origens prováveis da umidade, e pela vivência prática percebe-se que fenômenos como ‘higrospiscidade’ [capacidade que certos materiais possuem de absorver água], condensação e falhas de uso, operação e manutenção, são pouco conhecidos até por profissionais atuantes na área.
Tabela 1 – Origem da umidade em edificações
Origem |
Causas |
Construção |
Execução de acabamentos sem que haja secado o concreto, argamassa, tijolos etc. |
Precipitação |
Penetração da chuva, garoa, orvalho ou neve. |
Terreno |
Ascensão capilar do lençol freático, ou água de precipitação infiltrada no solo. |
Higrospicidade |
Retenção de água de sais presentes no revestimento. |
Condensação |
Ambientes com pouca ventilação, com muita geração de vapor, paredes muito frias etc. |
Uso, operação e manutenção |
Lavagem de ambientes em locais não impermeabilizados, falta de manutenção preventiva conforme NBR 5647 (ABNT, 2012) etc. |
Instalações hidrossanitárias |
Rompimento de tubos e conexões, transbordamento de calhas etc. |
Causas fortuitas |
Defeitos de construção, falhas de equipamentos, erros humanos (acidentes). |
Fonte: GROSSI, 2018 adaptado de HENRIQUES, 1994.
Outra prática comum nessa área, bastante equivocada, é de apenas tratar o sintoma e não a causa. Por exemplo, a Figura 1 abaixo ilustra um caso de descascamento da pintura devido à umidade ascendente provinda do jardim. Já presenciei casos como esse serem reparados com a retirada da pintura solta, a aplicação de algumas demãos de argamassa polimérica (impermeabilizante) e refeita a repintura do local. Essa ação apenas cria uma barreira externa que não impede a ascensão de água pelo revestimento ou alvenaria (Confira na Figura 2, em seguida à Figura 1), o que permitirá que o descascamento volte a ocorrer após algum tempo.
Figura 1 – Vista de descascamento de pintura devido a umidade ascendente
Fonte: GROSSI, 2018.
Figura 2 – Esquema de umidade ascendente
Fonte: THOMAZ, 2016.
Portanto, antes de realizar o reparo de qualquer manifestação patológica, deve-se realizar uma investigação da causa e tratá-la, em lugar de apenas tratar seus sintomas. Para isso, recomenda-se a contratação de engenheiros civis com especialidade em patologia, perícia, engenharia diagnóstica, tecnologia de construção ou correlatos. Evite, também, postergar o reparo, porque provavelmente serão mais onerosos e mais complicados de resolver.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5674: Manutenção de Edificações – Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de Janeiro, 2012.
HENRIQUES, Fernando M. A.. Humidade em paredes. 4. ed. Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 1994.
THOMAZ, Ercio. Aula de Umidade. Curso de Patologia das Construções. Mestrado IPT, 2016.
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