Zelador: Funções essenciais à estrutura viva do condomínio

Em comemoração ao Dia do Zelador, celebrado em 11/2, a Direcional Condomínios destaca profissionais que cresceram na função e exercem papel relevante em seus condomínios, homenagem que se estende a toda categoria.

zelador Juliano Silva Marinho

O zelador Juliano Silva Marinho (à dir. na imagem) e o funcionário da limpeza João Pereira de Souza: Trabalho em equipe e sob regras de compliance

O papel estabelece um escopo diferenciado entre as funções de um zelador e de um gerente predial, mas, em essência, ambas comportam o compromisso de se garantir o pleno funcionamento do prédio, com as operações diárias de elevadores, portões, bombas, interfone, sistemas de segurança contra incêndio, para-raios, luz piloto, coleta de lixo, limpeza das áreas comuns, recepção de correspondências e encomendas, de visitantes e prestadores de serviços, entre muitos outros. São esses profissionais que gerenciam, fiscalizam, orientam e acompanham a estrutura viva de um condomínio.

Esse foi o grande aprendizado vivido a partir de 2016 por Juliano Silva Marinho, quando foi promovido de porteiro a zelador do Condomínio ID Jardins, residencial de 78 unidades localizado no bairro da Bela Vista, em São Paulo. Fazia dois anos que Juliano começara a trabalhar em prédio, algo muito distante da sua atividade principal até então, que era a de pequeno comerciante de uma copiadora e loja de suprimentos de informática da Vila Carrão, na Zona Leste. Com a concorrência dos produtos chineses, agravada pela crise econômica, Juliano deixou a loja com uma funcionária e foi inicialmente dar expediente como terceirizado na portaria do condomínio.

“Foi um duro aprendizado, não só por mudar de lado ‘no balcão’, mas por nada saber de prédio”, confessa. Naquela época, ele também largou o segundo ano da Faculdade de Sociologia e Política, pela falta de tempo. Afinal, com jornada no condomínio, hoje de segunda a sábado, das 10h às 18h, o zelador tem que aproveitar o horário da noite para fazer compras online para a loja, onde também trabalha diariamente, entre 7h e 9h.

Juliano diz que pegou o jeito do prédio e que consegue compatibilizar suas diferentes atividades. Segundo ele, isso foi facilitado pela sua experiência em lidar com prestadores de serviço, bem como pelo perfil de gestão implantado pela síndica orgânica Miriam Martins, “que trouxe para o condomínio toda a agilidade do ambiente corporativo”. Ela introduziu, por exemplo, regras de compliance na zeladoria, entre as quais desautorizar funcionários de receberem “agrados” de moradores ou prestadores de serviços.

As atribuições de Juliano vão da esfera administrativa (contratos com fornecedores, contratação de funcionários etc.) ao atendimento aos moradores e acompanhamento das equipes de trabalho, como do profissional da limpeza, João Pereira de Souza, alagoano que chegou há 30 anos em São Paulo e está desde 2016 no ID Jardins. Juliano afirma que praticamente atua hoje como um gerente predial.

gerente predial Getúlio Fagundes Ramos

TRÊS FUNÇÕES EM UMA PESSOA – A promoção funcional faz parte também da história do gerente predial Getúlio Fagundes Ramos (foto ao lado), que trabalha há cerca de seis anos no Paradiso Vila Romana, um condomínio-clube da zona Oeste de São Paulo. Mas pelas dimensões do empreendimento (três torres, 168 unidades e quase 14 mil m2 de área), pelo tamanho da equipe (34 funcionários entre próprios e terceirizados), pelas suas atribuições e o dia a dia com os moradores, Getúlio considera que suas atividades diárias somam o papel do zelador com o do gerente predial e o de “gestor de RH”. Gaúcho, ele começou a trabalhar como zelador em Porto Alegre, continuou na atividade quando veio a São Paulo e há muito se tornou gerente predial, exibindo no currículo a realização de inúmeros cursos, de normas do trabalho à administração condominial. Em mais de quatro décadas de atividade em prédio, Getúlio aponta que as obrigações e normas se ampliaram muito no período, exigindo capacitação e atualização. “O que não mudou é que esta é uma função que exige relação de confiança entre o condomínio e o profissional”, destaca.

Daniele Cristina Gomes

DE EX-PORTEIRA E ZELADORA A GERENTE PREDIAL – No intervalo de quatro anos, Daniele Cristina Gomes (foto ao lado) foi promovida de porteira a zeladora e, em 2019, a gerente predial do Condomínio Central Park Jabaquara, na zona Sul de São Paulo. “O que muda de zelador para o gerente predial é o reconhecimento e o salário”, compara Daniele. No residencial de duas torres e 136 unidades, ela cuida de cotações, contrata manutenções obrigatórias (como o laudo do para-raios e a revisão dos equipamentos de incêndio), vistoria o funcionamento de bombas e portões, fiscaliza a limpeza das áreas comuns e piscina, atende a moradores etc. Com 2º grau completo, Daniele fez cursos de capacitação na área e até mesmo de síndico profissional. Ela espera que sua trajetória ascendente inspire outras mulheres, a exemplo de uma funcionária da limpeza que ela promoveu a porteira no condomínio.

Gerente predial & zelador: O que diz a convenção coletiva

A Convenção Coletiva de 2019/2020 dos trabalhadores em edifícios na Capital Paulista distingue, em seu Anexo 1, Art. 4, as funções do gerente predial e do zelador:

– GERENTE PREDIAL: Planejamento de rotinas de trabalho e administração; admissão, contratação e treinamento de funcionários; avaliação do seu desempenho, bem como da execução de serviços; coordenação da equipe; preparação de relatórios de operação e de avaliação; gestão de assuntos burocráticos, como compras, cotações e administração de pessoal.

O texto orienta que o profissional tenha registro junto ao Conselho Regional de Administração (CRA) e não possua controle de horário.

– ZELADOR: Se não houver previsão distinta em contrato individual de trabalho, este profissional deverá:

A) Ter contato direto com a administração do edifício e agir como preposto do síndico ou da administradora credenciada;

B) Transmitir as ordens emanadas dos seus superiores hierárquicos e fiscalizar o seu cumprimento;

C) Fiscalizar as áreas de uso comum, verificar o funcionamento das instalações elétricas e hidráulicas do edifício, assim como os aparelhos de uso comum, além de zelar pelo sossego e pela observância da disciplina no edifício, de acordo com o seu regimento interno ou com as normas afixadas na portaria e nos corredores.

Matéria publicada na edição – 253 – fevereiro/2020 da Revista Direcional Condomínios

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