Natal, réveillon, crianças sem aula e cheias de energia… É chegada a hora de proporcionar encantamento e diversão nos residenciais, sem descuidar do conforto e da segurança dos moradores.
Os condomínios são tomados por um mix de agitação e expectativas nessa época do ano. Há celebrações coletivas e nas unidades, fluxo intenso de visitantes, criançada em férias — enfim, é um período que exige muito dos síndicos. Para ajudar os gestores nesse processo, a Direcional Condomínios ouviu três profissionais do setor: Omar Anauate, presidente da AABIC-SP; Gabriela Marques, síndica profissional do Lumina Parque Clube, um condomínio-clube de área extensa no Belenzinho, zona leste; e Fábio Interaminense, síndico e consultor em gestão condominial. Eles compartilham experiências, dicas, orientações para proporcionar momentos memoráveis e seguros à comunidade e colher frutos gratificantes para a administração.
Decoração Natalina
Para Gabriela Marques, é indispensável decorar os espaços comuns, pois o morador se sente mais acolhido ao chegar em casa e ser recepcionado por elementos natalinos, como se fosse uma extensão da decoração particular. “No Lumina, sempre colocamos um grande laço vermelho na entrada do prédio. Simbolicamente, é como se o morador estivesse sendo presenteado por viver ali.” Ao lado da comissão de moradores e da equipe de manutenção, ela envolve-se nas montagens decorativas e já adentrou madrugadas preparando o condomínio. Faz questão de que personagens animados (como Papai Noel, Mickey e Minnie natalinos, entre outros) realmente se pareçam com as figuras de referência.
A ornamentação é reaproveitada. “Repetimos objetos e já pintamos a faixa de veludo da entrada para recuperar a vivacidade. Mesclamos itens de outros anos a um novo painel temático, na área destinada a receber o Papai Noel, e isso transmite uma sensação de novidade”, diz. Gabriela prefere investir em enfeites lúdicos a montar presépios. “No Lumina há cerca de 30% de estrangeiros, em sua maioria árabes e chineses. São culturas diferentes, por isso prefiro evitar imagens religiosas”, pontua. Omar Anauate, da AABIC, corrobora o posicionamento da síndica, recomendando que o gestor adote bom senso e equilíbrio, priorizando decorações neutras e sem símbolos religiosos específicos. Assim, o ambiente se mantém acolhedor e respeitoso à diversidade de crenças entre os moradores, acredita.
Vigilância Redobrada
Durante festas e férias é necessário reforçar a segurança. Nessas ocasiões costuma haver maior movimentação de pessoas, além do uso intensivo das áreas comuns, o que, conforme observa Omar Anauate, aumenta o risco de falhas nos procedimentos. Nas portarias, devem ser revistos os protocolos de identificação e liberação, garantindo que todos os visitantes estejam devidamente registrados e autorizados a entrar. “Também é preciso orientar os moradores sobre posturas seguras e manter os funcionários atentos a qualquer movimentação suspeita”, diz Omar.
Há ainda unidades que ficam vazias nessa época, podendo sofrer invasões. A síndica Gabriela solicita aos moradores que evitem comentar sobre viagens. “Não há necessidade de ninguém saber quem estará fora, uma vez que o condomínio não fica com chaves de morador. E, se quiser autorizar a entrada de alguém nesse período de ausência, pode fazê-lo discretamente por meio de aplicativo.”
Festa Comunitária
As confraternizações fortalecem o convívio social e a sensação de pertencimento. No Lumina, a celebração natalina já começa a ser cobrada em julho, porque é um acontecimento: tem barracas de comidas e bebidas, DJ, brinquedos infláveis e uma banda. Ah, e tem bolo porque é comemorado também o aniversário do condomínio. “Estrategicamente destacamos a idade da construção para que o morador adquira aos poucos a consciência do envelhecimento do empreendimento e de aprovar aquilo que antes não era necessário”, diz Gabriela.
As comemorações vão sendo ajustadas com pesquisas. “Para maior adesão, realizamos a festa aos domingos, do meio-dia até as 21 horas. Dá tempo de a pessoa ir à missa cedo ou de quem trabalha no comércio comparecer à tarde. Tomamos cuidado para que a data não coincida com formaturas de escolas da região, o que iria acontecer este ano se não tivéssemos nos atentado ao fato. As crianças amam participar e tirar fotos com o Papai Noel.” No dia marcado, os cinco espaços de confraternização do condomínio não podem ser alugados. A atenção das equipes de limpeza e segurança, que são reforçadas, está voltada à festa, na qual os moradores podem trazer familiares. Colaboradores, com seus dependentes, também são convidados para o grande evento.
Festa para a equipe
Quem se dedica o ano inteiro a manter tudo em ordem merece ser lembrado. “Há muitos anos fazemos a ‘Festa da Firma’. É um momento de reunir funcionários — do condomínio, dos apartamentos e prestadores de serviços — em uma celebração leve e descontraída”, conta Fabio Interaminense, referindo- se ao edifício do qual é gestor, em Pinheiros. “Reservamos a churrasqueira para eles e contratamos um trio de forró; a animação é garantida”, assegura.
Durante a festa, ocorrem amigo secreto, sorteios e entrega de cestas natalinas. Outra providência do síndico é transmitir na tela do elevador e no grupo de WhatsApp uma mensagem de agradecimento pelos serviços prestados pela equipe e informar que a lista da caixinha já se encontra disponível. “Os moradores são generosos e normalmente conseguimos o equivalente a um 14º salário para todos os colaboradores.”
A síndica Gabriela Marques concorda que é essencial promover momentos de integração e diversão para quem trabalha no condomínio, além de incentivar as contribuições para a caixinha. “No Lumina temos 42 colaboradores. Oferecemos a eles uma festa com churrasco, karaokê e amigo secreto, e, de presente, um panetone e uma ave natalina. Não há distinção entre orgânicos e terceirizados.” Sobre a caixinha, ela incentiva os moradores a contribuírem coletivamente, para que a gratificação possa ser repartida de modo igualitário.
Férias Escolares
A atenção com crianças pequenas e adolescentes deve ser intensificada nessa época do ano, orienta o síndico Fábio. Os brinquedos e os espaços de lazer merecem uma revisão eficiente. Manutenções preventivas e corretivas devem estar em dia para que instalações como quadras, playgrounds e piscinas sejam seguras. Crianças menores precisam sempre da supervisão de um adulto responsável nas áreas comuns. “Os funcionários do condomínio não devem assumir essa função”, enfatiza. Quanto aos adolescentes, Fabio considera que respeitar os horários de uso dos espaços conforme o regulamento e evitar excesso de barulho é essencial para uma melhor convivência. “O diálogo e a orientação empática fazem toda a diferença para lidar com esse público”, destaca.
Em locais com muitas crianças, pode ser válido criar uma Colônia de Férias para entretê-las. Em contrapartida, elas desenvolvem maior afinidade com a gestão. No Lumina, Gabriela realiza a colônia em janeiro, sob o tema Up nas Alturas, em referência ao filme Up – Altas Aventuras (Disney/Pixar), e os pequenos recebem pins (broches de metal), tal como o escoteiro Russell. Meses antes, junto com a assessoria esportiva, a síndica elabora um roteiro de aventuras. “As crianças aguardam pela diversão. Mas, para embarcar na aventura, recorro ao saldo de horas da assessoria esportiva, que é gerado quando professores faltam às atividades durante o ano. Essas horas são convertidas em recreação da colônia.”
Matéria publicada na edição 317 nov/dez 2025 da Revista Direcional Condomínios
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